Corpo de mulher congelado a pensar no futuro da tecnologia e ciência

Fonte: Diário do Povo Online    15.08.2017 12h07

O primeiro procedimento criônico de corpo inteiro na China ocorreu na província de Shandong, segundo revelado pela Fundação Yinfeng Life Science na segunda-feira.

O procedimento consiste na preservação do corpo a uma temperatura muito baixa logo após a morte, na esperança de que, no futuro, a tecnologia e ciência tornem possível a recuperação da vida.

O procedimento foi iniciado a 8 de maio, menos de cinco minutos após ser declarada a morte de Zhan Wenlian.

Aaron Drake, da americana Alcor Life Extension Foundation, e especialistas médicos do Hospital Qilu da Universidade de Shandong, em Jinan, colocaram imediatamente Zhan em um sistema de suporte de vida, incluindo nutrição e apoio cardiopulmonar, informou Kong Fei, membro do conselho da fundação.

A fundação foi criada pelo Yinfeng Biological Group, uma empresa privada com sede em Jinan, especializada em pesquisa e desenvolvimento de células humanas e tecnologia de armazenamento de órgãos.

O corpo de Zhan foi enviado de ambulância do Hospital Qilu para um laboratório em um instituto afiliado à empresa. O corpo foi injetado com produtos químicos projetados para proteger as células da detereoração durante o processo de congelamento. O corpo foi então colocado em um recipiente cuja temperatura interna foi reduzida para menos de 190 ℃ negativos.

O processo precisou de mais de dois dias para ser concluído.

Desde o dia 10 de maio, o corpo de Zhan está armazenado em um recipiente de 2.000 litros no instituto. O nitrogênio líquido mantém a temperatura corporal entre -192 ℃ e -195 ℃, explicou Kong.

Zhan, que tinha 49 anos e trabalhava em um banco estatal em Jinan, sofria de câncer de pulmão. Gui Junmin, seu marido, tomou conhecimento do grupo Yinfeng em fevereiro, por intermédio do médico de Zhan, e decidiu seguir com o procedimento depois de obter o consentimento de sua esposa, disse Kong.

"Por amor à sua esposa, Gui disse que gostaria de tentar, embora soubesse que não era possível ressuscitá-la no futuro próximo", disse ele.

Visto que os custos são muito altos, a fundação suporta todas as despesas do procedimento e armazenamento, acrescentou Kong, se recusando a revelar valores.

"Dedicamo-nos a promover o desenvolvimento da tecnologia criônica", afirmou. "É esperado que o corpo seja armazenado por pelo menos várias décadas, para podermos avaliar a condição do corpo após um certo período de tempo e tentar reanimá-la no futuro, se possível”.

Chen Jingyu, vice-presidente do Wuxi People's Hospital, na província de Jiangsu, e reconhecido especialista em transplantes de pulmão, disse que, assim que o coração para e a pessoa não respira, é considerada morte cerebral e não faz sentido proceder à preservação do corpo.

"Não é possível ressuscitar uma pessoa depois ser declarada a sua morte cerebral", reforçou Chen.

Kong disse que a fundação continuará aceitando pedidos para o procedimento, contudo limitará os números devido ao seu custo elevado.

"Estamos também planejando construir um banco de órgãos, provavelmente o maior da Ásia, para um melhor armazenamento de órgãos doados", revelou.

A primeira pessoa na China a receber crioterapia foi Du Hong, um escritor de Chongqing, cuja cabeça foi preservada na Alcor em 2015, de acordo com o Science and Technology Daily.

Mais de 100 pessoas foram crio-preservadas desde o primeiro caso em 1967, de acordo com a fundação.

O objetivo da preservação criônica é evitar a morte ao manter a estrutura celular e a química suficientes para que a recuperação (incluindo da memória e da personalidade) permaneça possível pela tecnologia no futuro, afirmou.

(Web editor: Renato Lu, editor)

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