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De 32 para 22: “Mulheres de conforto” lembradas na China e em todo mundo

Fonte: Diário do Povo Online    14.08.2017 15h30

BEIJING, 24 de ago (Diário do Povo Online) – Para muitos chineses, o dia 14 de agosto marca o dia do cerco da expedição anglo-francesa, que deixou o Antigo Palácio de Verão (Yuanmingyuan) em fogo e ruínas em 1900. Poucos lembram a data, porém, como o Dia Internacional em Memória das Mulheres de Conforto - um eufemismo para as mulheres obrigadas a servir o exército japonês como escravas sexuais na Segunda Guerra Mundial.

Com estreia marcada para o dia de hoje (14), a China irá apresentar um documentário sobre as "mulheres de conforto" do país, para que mais pessoas tomem conhecimento deste grupo de vítimas na Segunda Guerra Mundial.

O nome do filme, “Vinte e Dois”, advém do número de "mulheres de conforto" chinesas sobreviventes em 2014, quando o realizador Guo Ke preparou a produção do documentário. Em 2012, o primeiro documentário de curta duração realizado por Guo teve o título de “Trinta e Dois”.

No trabalho mais recente, de 90 minutos, 22 “mulheres de conforto” na China compartilham a história que testemunharam. Até julho, somente nove das 22 mulheres no filme estavam vivas.

O número de “mulheres de conforto” vivas no país reduziu para apenas 14 na parte continental da China, depois que mais uma morreu no dia 12 de agosto, aos 90 anos, na província de Hainan. Huang Youliang e sete outras “mulheres de conforto” processaram o governo japonês em 2001, pedindo por uma desculpa, mas os seus apelos foram repetidamente rejeitados, sob alegações de que não estavam em posição de apresentar um processo contra o país.

[Foto de Huang Youliang]

Até o momento, o governo japonês recusa-se a reconhecer a responsabilidade legal pela questão de "mulheres de conforto".

“Este não é um filme que vende dor e lágrimas. É um meio de levar a audiência até elas [mulheres de conforto], para que possam ser vistas e conhecidas. Compreendê-las é a maior ajuda. Elas têm a sua própria maneira encarar a dor”, disse Guo à Agência Xinhua. “Para sobreviver, raramente recordam as memórias da guerra”, acrescentou o realizador.

Vários atores e realizadores chineses apelaram a que o público assista ao filme nos cinemas para mostrar apoio a Guo e prestar homenagem às mulheres agora nonagenárias. No Sina Weibo, a versão chinesa do Twitter, o hashtag “Vinte e Dois” atraiu cerca de 100 milhões de visitantes e mais de 63 mil publicações de mensagens. Algumas celebridades online até ofereceram bilhetes gratuitos do documentário para incentivar os seus seguidores a assistir ao filme.

Em Taiwan, onde residiam 2.000 ex-“mulheres de conforto”, uma campanha foi lançada no dia 14 de agosto, no Museu Ama, para instar novamente a uma desculpa do governo japonês a este grupo especial de mulheres. O museu, dedicado a “mulheres de conforto”, ofereceu cartões para os visitantes escreverem as suas exigências ao governo japonês e bênçãos para as “mulheres de conforto”, segundo uma reportagem da Agência Xinhua.

Hoje em dia, há somente duas “mulheres de conforto” a viver em Taiwan.

Organizações e ativistas civis da Coreia do Sul também realizaram uma série de atividades em homenagem às vítimas no dia 14 de agosto.

De acordo com a Agência de Notícias Yonhap, um total de 500 estátuas em miniatura de uma menina foram exibidas na praça Cheongye Stream no centro de Seul. A exibição começou às 8h00 (horário local) e durará por 8 horas e 14 minutos para simbolizar a data. Cada estátua tem o nome de uma vítima inscrito nela. As 500 estátuas representam 239 vítimas da Coreia do Sul e um número não identificado de vítimas na República Popular Democrática da Coreia (RPDC). 

 

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