A China deseja importar mais produtos dos EUA e espera um comércio mais equilibrado com o país, disse o embaixador chinês nos EUA, Cui Tiankai, na terça-feira.
O embaixador proferiu os comentários na conferência anual de 2017 do think tank Instituto para os Estudos China-América, em Washington D.C.
Declarando que a China já deu continuidade às importações de carne bovina dos EUA, após uma suspensão de 14 anos, como resultado do plano de cooperação econômica, Cui disse que ambas as partes consideram também a possibilidade de importar uma quantidade considerável de gás liquidificado americano.
O plano de 100-dias chegou ao Presidente Xi Jinping e ao seu homólogo americano, Donald Trump, em abril.
A China tenciona também importar produtos de alta-tecnologia para uso civil, assinalou Cui.
“Se o governo dos EUA puder levantar algumas das restrições nesse campo, o nosso comércio bilateral seria mais equilibrado”, acrescentou.
Relativamente ao superávit comercial da China com os EUA, Cui referiu que “a realidade do comércio bilateral sino-americano é mais complicada do que possa parecer”, sendo que vários dos produtos que a China vende para os EUA e vice-versa têm componentes construídos em outros países.
O produto icônico da Apple por ex, o iPhone, é montado na China, mas a maioria dos seus componentes-chave, incluindo chips, são importados de outros países. Porém, estes produtos contam como exportações chinesas para os EUA, elaborou.
De acordo com um relatório emitido pelo Banco Asiático de Desenvolvimento em 2010, a contribuição da China para o valor do iPhone equivale a apenas 6.5 dólares por trabalho. Por seu turno, a maioria do seu preço de venda ao público de 332 dólares, reverte para a Apple ou para designers ou fornecedores tecnológicos asiáticos ou americanos.
Contudo, estes valores não são mencionados no balanço das relações comerciais sino-americanas.
Cui destacou também que, embora a China tenha um superavit com os EUA, tem também um grande défice ao nível do comércio de serviços. Enquanto isso, o enorme número de turistas chineses com um poder de compra considerável, bem como o crescente número de estudantes chineses a rumarem aos EUA, contribuem em grande medida para o consumo norte-americano.
Estatísticas de um relatório recente do Ministério do Comércio da China revelaram que os turistas e estudantes chineses gastaram mais de 51 bilhões de dólares nos EUA no ano passado.
“Por isso, se considerarmos o cômpito geral, é mais equilibrado”, disse o embaixador.
No seu discurso, Cui elogiou também o Diálogo Econômico Compreensivo levado a cabo pelas duas partes na semana passada como um sucesso.
No DEC, a China e os EUA tiveram uma troca de pontos de vista num amplo espetro de tópicos, incluindo políticas macroeconômicas, o plano de 100 dias e o plano de um ano.
Os esforços levados a cabo pelas duas partes para uma discussão de sucesso reafirmam o compromisso de manutenção das relações econômicas e a gestão das possíveis diferenças pela via do diálogo e coordenação, ao invés do confronto, disse o embaixador.
“Ambas as partes reconhecem que, admitindo que o diálogo pode não resolver todos os problemas de uma vez, o confronto não leva a lado nenhum”, disse.