Rio de Janeiro, 19 jul (Xinhua) -- O Brasil deverá ultrapassar os Estados Unidos nos próximos 10 anos e deve se tornar o principal produtor mundial de soja, segundo um novo estudo conjunto de duas agências globais divulgados nesta segunda-feira.
A produção de soja no Brasil deverá crescer 2,6% ao ano em média, a taxa mais rápida de outros grandes produtores, graças à extensa área cultivada do país sul-americano, de acordo com um estudo recentemente divulgado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
A vizinha Argentina deve ver um crescimento de 2,1% na produção de soja, enquanto os EUA verão crescimento de 1% anualmente pelos próximos 10 anos.
A produção global crescerá em um total de 1,9% anualmente, muito inferior ao crescimento médio de 4,9% observado na última década.
Em 2026, o Brasil e os EUA em conjunto dominarão a produção global de soja, representando quase 80% das exportações mundiais.
De acordo com as últimas projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil deve colher cerca de 237,2 milhões de toneladas de soja de 2017 a 2026, um valor recorde representando um aumento de 27,1% em relação à década anterior.
O presidente da associação brasileira de produtores de soja, Marcos da Rosa, disse estar preocupado com o fato de que as projeções possam causar um impacto negativo nos preços.
"Prever uma grande colheita pode levar com que os mercados predefinam os preços, o que é ruim para todos," disse Da Rosa.
"Quando olhamos para o preço dos commodities como a soja e o milho, vemos que caíram, e é um desincentivo (para a produção). Como as duas últimas colheitas de soja foram boas, percebemos que a oferta é maior do que a demanda (...) e os preços pagos são muito mais baixos em comparação com a última colheita," acrescentou Da Rosa.
Enquanto isso, o vice-diretor de transferência de tecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agrícola (Embrapa), Alexander Cattelan, disse que o potencial de produção do país é ainda maior do que o planejado pela OCDE e FAO, mas para se beneficiar da soja, o que é necessário é agregar valor.
"Nós temos que agregar valor, transformá-la em carne, frango, porco ou carne bovina usando-a como alimentação do gado. Outra alternativa é o biodiesel," disse Cattelan.
O estudo analisa a produção de grãos em geral, prevendo um aumento de 11% no trigo até 2026, aumento de 14% no milho, aumento de 10% nos grãos secundários e aumento de 13% no arroz.
