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Resumo: Temer chama o Exército para as ruas de Brasília após manifestação de protesto contra seu governo

Fonte: Xinhua    27.05.2017 09h32

Brasília, 27 mai (Xinhua) -- O presidente brasileiro Michel Temer decretou na quarta-feira a convocação de tropas federais para reforçar a segurança na capital do país, em resposta a um ato de protesto contra o governo convocado por centrais sindicais, que teve a participação de mais de 35 mil pessoas. O ato provocou depredações em prédios públicos e gerou conflitos violentos com a polícia, ferindo 49 pessoas e deixando sete presos.

O ato de exceção - denominado "ação de garantia da lei e da ordem", publicado hoje em uma edição extra do "Diário Oficial da União", foi anunciado à imprensa pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann , ao informar que, por ordem de Temer, tropas federais ocuparão os edifícios do governo na região Esplanada dos Ministério em Brasília até 31 de maio

Em seu pronunciamento, realizado no Palácioo do Planalto, Jungmann justificou que a decisão sobre o uso excepcional de tropas foi tomada atendendo à solicitação do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.

"Atendendo à solicitação do senhor presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), mas também levando em conta, fundamentalmente, que uma manifestação que estava prevista como pacífica, degringolou na violência, no vandalismo, no desrespeito, na agressão ao patrimônio público, na ameaça às pessoas, muitas delas servidores que se encontram aterrorizados e que estamos garantindo neste momento a sua evacuação, o senhor presidente da República decretou uma ação de garantia da lei e da ordem", declarou Jungmann.

"Neste instante, tropas federais já se encontram aqui neste Palácio, no Palácio do Itamaraty e, logo mais, estão chegando tropas para assegurar que os prédios dos ministérios sejam mantidos incólumes".

" O senhor presidente da República faz questão de ressaltar que é inaceitável a baderna, que é inaceitável o descontrole e que ele não permitirá que atos como esse venham a turbar o processo que se desenvolve de forma democrática e com respeito às instituições",concluiu o ministro da Defesa

A notícia sobre a autorização para atuação do Exército causou discussões e tumulto durante sessão da Câmara e Maia esclareceu que havia solicitado a Temer o uso da Força Nacional de Segurança Pública, usada em grandes eventos, não das Forças Armadas.

A manifestação organizada pelas centrais sindicais para pedir a renuncia de Temer, a realização de eleições diretas e protestar contra a proposta de reforma trabalhista do governo ocorría sem maiores tumultos até que um grupo de 50 mascarados começou a quebrar vidros de vários ministérios, situados na avenida que concentra todos os órgãos do poder público, chegando a tocar fogo no interior de alguns deles.

A polícia reagiu e começou uma batalha campal, com os agentes lançando bombas de gás lacrimogêneo, sprey de pimenta e atirando com balas de borracha. Imagens da edição online do jornal 'O Globo' mostraram policiais correndo e atirando com armas de fogo nos manifestantes, fato confirmado também pela "Folha de São Paulo'.

Segundo balanço parcial da Secretaria de Segurança Público do Distrito Federal, houve 49 atendimentos de urgência durante a manifestação, entre feridos e pessoas que passaram mal por causa do uso de gás lacrimogêneo e spray de pimenta

A Secretaria confirmou quatro casos graves: Um deles foi baleado e teve de passar por uma cirurgia no Hospital de Base de Brasília, mas não corre risco de morte.

Dois outros deram entrada no hospital com ferimentos no olho por tiros de balas de borracha e um estudante teve a mão parcialmente decepada por causa de um rojão.

"A Polícia Militar abrirá inquérito para investigar policiais militares que aparecem em imagens com arma de fogo nas mãos. Esse procedimento não é adotado em manifestações. Os incidentes e as responsabilidades serão apuradas", afirmou a secretaria do governo do Distrito Federal.

Os acontecimentos desta quarta-feira ocorreram uma semana depois do terremoto político que sacudiu o Brasil, com a divulgação da gravação de uma conversa do empresário Joesley Batista com Temer na qual o presidente parece dar sua aprovação para subornos.

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