Brasília, 18 mai (Xinhua) -- Os advogados do ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva anunciaram na terça-feira que apresentarão nos próximos dias novos documentos perante o Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas, denunciando que o ex-líder está softrendo de uma perseguição judicial por motivos políticos.
Em julho de 2016, os advogados Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira acusaram o juiz Sérgio Moro, responsavel pela Operação Lava Jato, de não ser imparcial no processo contra o ex-presidente e afirmaram que os direitos de Lula estão em perigo no Brasil.
Em outubro do ano passado, a ONU concordou em avaliar o caso e deu até o dia 27 de janeiro para que o governo brasileiro se pronunciasse sobre o mérito da denúncia, mas não houve resposta.
O caso é tratado como confidencial e pode levar até dois anos para ser examinado pela ONU.
Desde o final do ano passado, quando entregou mais documentos ao Comitê de Direitos Humanos apoiando a tese de abusos judiciais, a defesa de Lula vem tornando públicas essas apresentações.
Esta semana, o advogado Geoffrey Robertson, chefe da equipe legal de Lula no exterior, convocará uma entrevista coletiva em Genebra para explicar a situação aos meios internacionais.
A ONU pode decidir não aceitar o caso, mas também pode enviar uma recomendação das Nações Unidas ao Estado brasileiro sobre o funcionamento do sistema judicial.
Na semana passada, em depoimento ao juiz Moro, em Curitiba, Lula disse considerar uma "farsa" a denúncia contra ele pela suposta doação de um apartamento.
O Ministério Público acusou o ex-presidente de ter recebido 3,7 milhões de reais (US$ 1,15 milhão) em "vantagens indevidas" da construtora OAS, através de um apartamento triplex no Guarujá, litoral de São Paulo, e do armazenamento de bens de arquivo presidencial entre 2011 e 2016.
A defesa e os partidários do ex- presidente afirmam sua inocência e que se trata de uma perseguição política na qual estão envolvidos o juiz Moro, os promotores da Lava Jato e parte dos grandes meios de imprensa do país.
Segundo informaram na terça-feira os meios de comunicação locais, Moro definiu que a defesa de Lula deve apresentar suas alegações finais até o dia 20 de junho e depois desse prazo ele pronunciará sua sentença, o que, se acredita, deverá ocorrer em julho.
Em caso de condenação e da sentença ser confirmada por um tribunal superior, Lula ficaria automaticamente impedido de se candidatar às eleições presidenciais de 2018, nas quais segundo as pesquisas mais recentes, ele seria o vencedor.