Sydney, 5 mai (Xinhua) -- Proposta pela China em 2013, a iniciativa do ‘Cinturão e Rota’ visa construir uma rede de infraestrutura e comércio que se estende por todo o mundo, ligando a Ásia com a Europa e a África, ao longo da antiga Rota comercial da Seda.
Hans Hendrischke, professor de Administração e Negócios Chineses na Universidade de Sydney, disse à Xinhua na quarta-feira que a Austrália deve aproveitar a Iniciativa do ‘Cinturão e Rota’ através da mentalidade do que realmente é, uma proposta econômica, em vez de atribuí-la a qualquer tipo de desenvolvimento estratégico.
"Isso é algo que deve ser mantido em mente para o desenvolvimento futuro. O foco deve ser sobre os benefícios comerciais, que proporcionam benefícios para ambos os lados", disse Hendrischke.
O especialista acredita que a Austrália está perdendo muitas oportunidades que foram abertas pela iniciativa, à medida que o aumento dos níveis de financiamento está sendo colocado nos países emergentes que fazem parte do ambicioso projeto em todo o mundo, deixando a Austrália um pouco para trás.
No entanto, ele ainda acredita que algum progresso está sendo feito.
"Há oportunidades em que a Austrália está se envolvendo, por exemplo em Darwin, onde o Landbridge Group alugou o Porto de Darwin e está planejando montar um novo desenvolvimento comercial", disse Hendrischke.
"Há oportunidades e haveria mais, por isso, é uma questão de como estruturá-las".
Hendrischke é encorajado pelo nível de cooperação e investimento que está ocorrendo atualmente entre os dois países.
"O investimento chinês que está chegando à Austrália, especialmente em áreas como a agricultura e a saúde, é um investimento que no final traz bens de volta para a China", disse Hendrischke.
"Isso é claramente parte do pacote global que vem com o investimento."
Em um relatório recente da KPMG ‘Demystifying Chinese Investment in Asia 2017’, foi mostrado que ao longo do último ano, o investimento chinês na Austrália cresceu cerca de 12%, o que Hendrischke acredita que pode ser maior.
"O investimento chinês na Austrália cresceu pouco menos de 12%, enquanto o investimento chinês nos EUA cresceu cerca de 200% e 70% na União Europeia", disse Hendrischke.
O aspecto positivo disso é que mostra onde a Austrália pode crescer e onde outros mercados estão crescendo à nossa frente, disse ele.
Uma dessas áreas é o turismo, que, segundo Hendrischke, será imensamente beneficiado por um investimento chinês ainda maior, que tem o potencial de afetar outros setores.
"A Austrália é um pacote, o turismo está ligado à educação, está ligado aos serviços de saúde, está ligado ao investimento em áreas residenciais, ao investimento comercial na hospedagem", disse Hendrischke.
"Tudo se liga e os vários elementos complementam e reforçam uns aos outros."
O professor acredita que o caminho a seguir para as empresas chinesas terem sucesso na Austrália é através do estabelecimento de parcerias com entidades australianas existentes.
Olhando para o futuro, com o próximo Fórum de Cooperação Internacional da Iniciativa do ‘Cinturão e Rota’ a ser realizado em Beijing, Hendrischke antecipa um futuro brilhante para a iniciativa, e espera um maior envolvimento no projeto de transformação da Austrália.
"Eu vejo a Iniciativa do ‘Cinturão e Rota’ como uma abordagem à globalização, e é aí que a China vê sua força e oportunidades de integrar-se em um processo passo a passo, começando pelas regiões mais próximas da China", disse Hendrischke.
"Isso inclui do outro lado, a Ásia central, e envolverá uma integração mais próxima da Austrália com os nossos vizinhos do sudeste asiático".
