Londres, 21 abr (Xinhua) -- Os deputados britânicos da Câmara dos Comuns deram apoio nessa quarta-feira à convocação da primeira-ministra Theresa May para uma eleição geral em 8 de junho.
Deputados votaram por 522 votos contra 13 para apoiar a eleição que escolherá o mandato dos legisladores que definirão a estratégia da Grã-Bretanha em deixar a União Europeia (EU).
Como a medida não precisa de aprovação da Câmara dos Lordes, o processo de dissolução do parlamento começará no próximo mês antes da eleição.
De acordo com a legislação em vigor, os parlamentos têm de se reunir durante cinco anos antes das novas eleições. Uma maioria de dois terços dos deputados deve concordar com um movimento que irá encurtar a vida útil de um parlamento. Como a última eleição geral teve lugar apenas há dois anos, a votação foi crucial para May.
A convocação foi aprovada com o mínimo necessário de apoio de 434 deputados, depois que os deputados da oposição, principalmente do Partido Trabalhista e dos Democratas Liberais, votaram a favor de uma eleição.
May já ganhou a aprovação da Rainha Elizabeth para a eleição instantânea.
Os deputados, disse a PM, têm uma janela de oportunidade de realizar uma eleição geral antes das negociações com a UE começar. May acrescentou que a garantia do "acordo certo" com Bruxelas para a Grã-Bretanha é prioridade.
Downing Street disse que a eleição de junho não afetará o cronograma da Brexit.
May disse aos deputados que a próxima eleição será sobre liderança e estabilidade, dizendo: "Eu estarei pedindo o apoio do público para entregar meu plano para uma Grã-Bretanha mais forte. A escolha diante de nós é clara: confiar no povo e deixar o público decidir."
Disse que uma eleição geral fornecerá a Grã-Bretanha cinco anos de liderança forte e estável para ver o país com suas negociações com a UE para certificar-se "que nós podemos fazer sucesso com o resultado do referendo da UE."
"A Grã-Bretanha está deixando a UE e não pode haver volta," afirmou a primeira-ministra britânica.
Os críticos de uma eleição antecipada acusam May de tirar vantagem das baixas audiências do principal Partido Trabalhista da oposição. May havia insistido até dias atrás que ela não tinha intenção de convocar uma eleição antecipada. Algumas pesquisas de opinião colocaram o Partido Trabalhista a mais de 20 pontos atrás dos conservadores.
May vai para a eleição com 330 dos 650 assentos na Câmara dos Comuns, com uma maioria de 17. O principal Partido Trabalhista da oposição tem 229 assentos, mas muitos dos deputados do partido estão distantes de seu líder Jeremy Corbyn.
May e seus ministros da Brexit enfrentam negociações duras com Bruxelas para fazer um acordo para a Grã-Bretanha depois que sair da UE.
Em seu discurso na terça-feira na porta da Downing Street 10, May deixou claro por que ela queria uma eleição antecipada.
Ela disse: "Neste momento de enorme significado nacional deve haver unidade em Westminster, mas ao invés disso há divisão, o país está se unindo, mas Westminster não está."
"Nossos opositores acreditam que, porque a maioria do governo é tão pequena, nossa determinação vai enfraquecer e que eles podem nos forçar a mudar de rumo. Eles estão errados," disse ela.
Houve um apoio público generalizado para a decisão de segunda-feira, enquanto os especialistas políticos deram respostas mistas.
O professor Martin Smith, chefe do Departamento de Política da Universidade de York, disse: "Com uma grande maioria conservadora, o governo conseguirá obter qualquer acordo da Brexit. Naturalmente, haverá várias dificuldades para os conservadores na campanha eleitoral incluindo o impacto na Escócia e o potencial para um segundo referendo, e um foco na campanha sobre que tipo de Grã-Bretanha pós-UE os conservadores querem."
"É uma boa oportunidade para congelar as divisões partidárias conservadoras, a fim de ganhar as eleições gerais." A eleição será dominada pela Brexit, e o Partido Trabalhista terá que finalmente esclarecer sua posição. "