A China tem hoje mais de 20 milhões de jovens com idades compreendidas entre os 20 e os 39 anos a residir longe da família, a maioria dos quais moram nas grandes cidades, de acordo com uma reportagem da Rádio Nacional da China.
Beijing, Shenzhen, Shanghai e Guangzhou são os destinos da maioria dos jovens das famílias “ninho vazio” – expressão chinesa utilizada para descrever uma situação na qual os progenitores ficam separados dos filhos, dado que estes rumam a cidades com maiores perspetivas de desenvolvimento da carreira pessoal. Estes jovens são, em grande parte dos casos, solteiros.
O termo foi usado para se referir em especial aos idosos cujos filhos rumaram a outras paragens, longe da família, representando um problema social e um choque com os valores confucionistas vigentes na sociedade chinesa.
Estes jovens, segundo a reportagem, despendem tendencialmente de muito tempo nos seus apartamentos. A interação realizada fora do trabalho com terceiros é feita predominantemente recorrendo às redes sociais.
Os dados divulgados pelo Birô Nacional de Estatísticas revelam que 12,45% dos agregados familiares eram compostos por uma pessoa a residir sozinha em 2015, um aumento de quatro pontos percentuais em comparação com as cifras de 2008.
Wang Yimei, professor de sociologia da Universidade de Sichuan, afirmou que o crescente número de jovens “ninho vazio” resulta do desequilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre grandes cidades e os pequenos municípios.
Cao Fang, uma jovem de 29 anos a residir em Beijing, mostrou-se indiferente ao rótulo de “ninho vazio”. “Às vezes, vou jantar ou fazer compras com meus colegas”, diz. A jovem diz também gastar bastante tempo do dia em casa lendo, “vivo assim há quatro anos e não acho inaceitável”.
De acordo com os dados fornecidos pelos serviços online de entrega de refeições Baidu Waimai, jovens que moram sozinhos têm mais dinheiro para gastar em melhores refeições e vestuário. Um em cada cinco jovens “ninho vazio” não tem poupanças ou dívidas.
“É algo comum para os jovens solteiros com um curso superior”, disse Dong Haijun, professor de sociologia da Universidade Centro Sul.
“Eles têm seus próprios núcleos sociais, não estando restritos pelos mesmos que seus pais,” afirmou Dong.