Cerca de 300 membros da comunidade chinesa em Portugal juntaram-se ontem (31) em frente da Embaixada de França em Portugal para se manifestarem contra a morte de um compatriota abatido pela polícia francesa, na própria casa, no dia 26 de março.
Liu Shaoyao, um emigrante chinês em França, foi baleado e morto, depois de ver a porta da sua casa, no bairro 19 da cidade de Paris, arrombada pela polícia local.
Representantes da comunidade chinesa foram recebidos no interior da Embaixada de França em Portugal, onde entregaram uma carta a pedir uma investigação minuciosa sobre o caso para que fossem apuradas responsabilidades.
Às 15 horas em ponto, os organizadores do protesto propuseram um minuto de silêncio, tendo posteriormente sido levantados cartazes de protesto nas quatro línguas: chinês, português, francês e inglês, com as palavras de protesto “Abaixo com a violência policial”, “Exigimos igualdade de tratamento”, “Façam um inquérito público para restaurar a verdade”, “Polícia, assassina” e “Contra a violência policial, exigimos igualdade de tratamento, exigimos a investigação dos factos”.
A comunidade enviou também as condolências às famílias e vítimas dos incidentes.
Às 15 horas e 30 minutos, os organizadores do protesto entraram na embaixada da República Francesa em Portugal para entregar a declaração de protesto, tendo o embaixador enviado de seguida um representante para expressar que a mesma será transmitida ao seu governo e departamentos relevantes.
A versão da polícia francesa dá conta que as autoridades francesas foram chamadas a resolver uma situação de violência doméstica, num bairro de Paris, e que Liu Shaoyo, um homem de nacionalidade chinesa, tentou agredir um agente com uma tesoura. Contundo, a família contradiz a versão da polícia, salientando que não existiu qualquer situação de violência doméstica e que o homem foi baleado sem aviso prévio, sem ter oferecido qualquer resistência.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, afirmou que um diplomata da embaixada francesa foi convocado para uma reunião, onde foi instado a verificar “que a investigação é minuciosa e são tomadas as medidas necessárias na salvaguarda da segurança e direitos legais dos cidadãos chineses em França”.
Romain Nadal, porta-voz do MRE de França, disse, em declarações proferidas também na terça-feira (28), que a investigação está a decorrer e que “a segurança dos cidadãos chineses em França é uma prioridade para as autoridades francesas”.