Três polícias franceses suspensos pela morte de cidadão chinês

Fonte: Diário do Povo Online    30.03.2017 14h14

 Velas acesas durante uma manifestação em Paris, no dia 29, o terceiro dia de protesto da comunidade chinesa, após a morte de um conterrâneo baleado pela polícia parisiense.

Três polícias foram suspensos na sequência da investigação relativa ao incidente que vitimou um cidadão chinês, baleado pela polícia na sua residência, em França, no domingo (25).

O jornal local Nouvelles D’Europe revelou que 18 polícias e oficiais do governo se reuniram com 21 líderes da comunidade chinesa em França, na tarde de terça-feira, para os informar sobre os últimos desenvolvimentos da investigação e discutir possíveis soluções.

No 19º distrito de Paris, o homem de 56 anos e pai de 5 filhos, Liu Shaoyao, natural de Zhejiang, foi baleado durante um conflito com três polícias na sua residência.

Centenas de chineses se reuniram nas ruas em protesto nas imediações do posto policial. A manifestação se tornou violenta quando alguns protestantes arremessaram objetos, incendiaram viaturas e se envolveram em confrontos com as forças policiais, resultando na detenção de 35 indivíduos, tendo 3 polícias ficado feridos.

Contudo, o chefe da polícia parisiense Michel Cadot informou que 26 dos manifestantes tinham já sido libertados, e os restantes nove estariam em liberdade em breve.

Ao mesmo tempo, Cadot informou que os 3 polícias envolvidos no tiroteio foram suspensos e que a comunidade chinesa estava autorizada a realizar as cerimónias fúnebres da vítima.

O ministro do Interior, Matthias Fekl, confirmou na terça-feira que um inquérito tinha sido aberto, prometendo reger-se pelas leis e recolher os factos do caso, pedindo à comunidade que se mantivesse calma, “permitindo que os procedimentos judiciais sejam completos de forma pacífica”.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, afirmou que um diplomata da embaixada francesa foi convocado para uma reunião, onde foi instado a verificar “que a investigação é minuciosa e são tomadas as medidas necessárias na salvaguarda da segurança e direitos legais dos cidadãos chineses em França”.

Romain Nadal, porta-voz do MRE de França, disse, em declarações proferidas também na terça-feira, que a investigação está a decorrer e que “a segurança dos cidadãos chineses em França é uma prioridade para as autoridades francesas”.

Na noite de domingo, um policial abateu a tiro Liu Shaoyao, na sua residência, após um vizinho apresentar queixa por conflitos domésticos.

As declarações do incidente, contudo, não são coincidentes. De acordo com os media franceses, o policial agiu em “legítima defesa” contra um homem que o “atacou com uma tesoura”.

Por outro, chineses locais revelaram que, segundo as declarações de uma das filhas, testemunha do caso, Liu não atacou nenhum dos homens.

“O meu pai bebeu álcool e falou muito alto à noite, e por isso os vizinhos chamaram a polícia”, afirmou a jovem, “os policiais bateram à porta, mas o meu pai não queria abrir. Estávamos a preparar peixe para o jantar, por isso ele tinha a tesoura na mão. Então o polícia arrombou a porta, entrou pela casa dentro e alvejou o meu pai. Ele nem sequer teve tempo de atacar. Isto foi testemunhado pelas minhas duas irmãs”.

“É a primeira vez em França que um cidadão chinês é assassinado pela polícia em um conflito ainda não confirmado. Estamos muito revoltados e preocupados”, disse Zhang Haiping, vice-presidente do Conselho Representativo das Associações Asiáticas em França.

“No ano passado um homem chinês perdeu a esposa num violento assalto, em Aubervilliers. Desta vez foi o senhor Liu que foi assassinado por um policial. Nós, cidadãos chineses, somos frequentemente mal tratados em Paris em caso de sermos roubados ou atacados. Já não nos sentimos seguros a viver aqui”, acrescentou Zhang.

(Web editor: Renato Lu, editor)

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