Rio de Janeiro, 25 mar (Xinhua) -- Deflagrada há uma semana com uma grande ação da Polícia Federal (PF), a operação Carne Fraca continua aumentando o prejuízo dos exportadores de carnes e derivados, pois a repercussão internacional do escândalo ampliou o número de países que estão impondo restrições aos produtos do Brasil.

Na sexta-feira, a União Europeia (UE) anunciou que devolverá a carne exportada pelos 21 frigoríficos investigados na operação, o que significa que os lotes que estão a caminho do bloco serão rejeitados e voltarão ao país.

O comissário europeu para saúde e segurança alimentar, Vytenis Andriukaitis, chegará nesta segunda-feira ao Brasil para reuniões com os ministros da Agricultura, Blairo Maggi, e da Saúde, Ricardo Barros, e com o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Jarbas Barbosa.

"Dependendo dos resultados da verificação dos controles, da evolução da crise e das respostas das autoridades brasileiras às exigências de medidas corretivas, a Comissão Europeia e os Estados membros decidirão se tomarão medidas futuras necessárias. A proteção dos consumidores europeus será o fator determinante", afirmou a UE.

A operação Carne Fraca revelou um esquema de corrupção envolvendo fiscais do Ministério da Agricultura e produtores de carnes. Além de pagamento de propina a fiscais e partidos políticos, a PF investiga a adulteração de produtos e a venda de carne vencida e estragada.

Entre os 21 frigoríticos apontados pela investigação da PF como "suspeitos" estão as multinacionais BRF Brasil (Sadia e Perdigão) e JBS (Friboi, Seara e Swift).

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) divulgou na sexta-feira que os exportadores de carne de porco e frango perderam US$ 40 milhões somente na primeira semana desde o anúncio da Carne Fraca.

O valor que deixou de entrar no país devido ao embargo de vários países corresponde a 22% dos US$ 185,7 milhões previstos para uma semana normal.

Além UE, outros 28 mercados anunciaram embargos totais ou parciais à carne brasileira. Em audiência no Senado na quarta-feira, o ministro da Agricultura admitiu que a operação Carne fraca pode causar uma perda de até 10% do mercado de carne e derivados, o que representaria US$ 1,5 bilhão por ano.