Beijing, 7 mar (Xinhua) -- Os mais recentes dados apontam para a solidez da economia chinesa, mas o progresso das reformas será a chave para sustentar a força e controlar riscos.
Os dados econômicos divulgados na quarta-feira passada mostraram que a atividade de fábrica da China aumentou em fevereiro mais rápido que o esperado, com o oficial Índice de Gerentes de Compras para o setor manufatureiro ficando no terreno expansionista por sete meses consecutivos.
Após fortes recuperações em exportações e importações em janeiro e o aumento do Índice de Preços ao Produtor ao nível mais alto em cinco anos, os mais recentes dados mais uma vez dispersaram as preocupações sobre um pouso forçado (desaceleração econômica aguda) na segunda maior economia do mundo.
Porém, ainda não é hora para celebração, pois a perspectiva econômica ainda tem incertezas, colocando os elaboradores de políticas à prova.
A economia cresceu 6,7% em 2016, dentro da faixa da meta do governo para o ano. No entanto, a expansão foi, até certa medida, causada pelas políticas fiscais e monetárias em favor do crescimento.
A flexibilização monetária pretendia conter a desaceleração do investimento que afetou a economia, já que as incorporadoras imobiliárias suspenderam as obras em meio ao problema prolongado de casas não vendidas, enquanto as fábricas desaceleraram a expansão ante a queda das vendas.
Os novos empréstimos concedidos pelos bancos chineses ultrapassaram por três anos consecutivos o valor de 2009, quando o país fez uma série de gastos para ajudar a economia a resistir aos impactos adversos da crise financeira mundial.
Isso criou as condições para abastecer uma recuperação econômica, mas ao mesmo tempo causou bolhas em ativos que, se não forem controladas, ameaçarão a estabilidade financeira do país e a economia como um todo.
Os níveis crescentes de alavancagem tanto nas empresas como nas famílias, embora com riscos sob controle, sublinham a urgência de acelerar as reformas orientadas ao mercado.
O investimento em infraestrutura registrou forte crescimento por causa do apoio fiscal, mas permaneceu fraco o investimento do setor privado --que normalmente responde por mais de 60% do investimento do país em ativos fixos e mais de 80% dos empregos.
Um volátil ambiente econômico internacional também representa desafios. O crescente protecionismo está exacerbando a perspectiva de comércio, já ruim, enquanto qualquer medida do Fed (banco central dos EUA) terá um forte efeito na taxa de câmbio do yuan, a moeda da China, e na saída de capital desse país.
Visto que os fundamentos econômicos permanecem firmes e o ímpeto de crescimento continua a melhorar, o governo deve evitar fazer flexibilizações adicionais nas políticas monetárias e se focar mais em vantagens de longo prazo por meio de reformas abrangentes.
Os tradicionais motores de crescimento, que estão perdendo força, podem recuperar a dinâmica a longo prazo apenas se o país avançar pacientemente nas reformas para fomentar a inovação e incentivar a modernização industrial.
A vitalidade dos novos motores de crescimento pode ser estimulada apenas se o país continuar os esforços para otimizar os procedimentos administrativos e diminuir o controle do governo.
Os riscos financeiros podem ser neutralizados apenas se o país acelerar as reformas no setor para regular com maior rigor as operações do mercado, combater as práticas ilegais e canalizar crédito em apoio à economia real.
As empresas privadas podem prosperar apenas se o país impulsionar as reformas das estatais e abrir mais setores para o investimento privado.
Além disso, o impacto do protecionismo pode ser mitigado apenas se o país continuar a promover as reformas e abrir mais sua economia para o mundo.
Essas mudanças são a única forma de avançar a economia, embora às vezes sejam dolorosas e seus benefícios levem tempo para aparecer.