América Latina se volta para China por estabilidade econômica e oportunidades

Fonte: Xinhua    05.03.2017 14h18

Brasília, 5 mar (Xinhua) -- A América Latina testemunhou um desenvolvimento mais estável e forte nos últimos anos graças à relação com a China, disseram observadores políticos e econômicos brasileiros.

Antes de o mais alto órgão legislativo e o mais alto órgão de assessoria política da China realizarem no início de março as sessões plenárias anuais que definem o futuro político e econômico nacional, falaram os especialistas à Xinhua sobre a relação mutuamente benéfica entre o país e a América Latina.

EXPANDIR O INTERESSE MÚTUO

Com a cooperação Sul-Sul mais estreita entre os dois lados, a América Latina reduziu a grande dependência nas nações desenvolvidas, que mantiveram a supremacia nas relações com o continente, afirmaram os observadores.

"A presença da China na América Latina tem dois efeitos: primeiro, beneficiando o crescimento e o desenvolvimento econômicos; e secundo, mudando o eixo das alianças", disse José Luís Pagnussat, economista e membro do Conselho Federal de Economia.

"Os laços com a China permitiram aos países latino-americanos redesenhar o sistema de alianças deles no cenário mundial."

Hoje em dia, com o aumento de investimento da China na região e o crescimento do comércio bilateral, o interesse mútuo deles também está se expandindo, segundo Pagnussat.

LAÇOS POLÍTICOS MAIS FORTES

A vitalidade de comércio transfronteiriço inevitavelmente fortalece os laços políticos, sublinhou Pagnussat, citando como exemplo os laços comerciais entre plantadores de soja brasileiros e os processadores chineses.

"Isso não apenas expande o comércio, como também o estabelecimento de alianças em escala internacional, o que é um desenvolvimento muito positivo."

Dada a atual forte tendência em direção ao protecionismo e isolacionismo, especialmente desde que Donald Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos, a vontade da China de estabelecer parcerias políticas e comerciais é uma alternativa significativa, disse Pagnussat.

Quando os países fecham a economia, há um impacto negativo no crescimento econômico mundial, observou o economista, enfatizando a importância do papel da China em promover a abertura econômica.

GRANDE POTENCIAL

Para Argemiro Procópio, professor emérito de Relações Internacionais na Universidade de Brasília, os laços China-América Latina estão em uma altura nova depois da visita oficial do presidente Xi Jinping ao Equador, Peru e Chile em novembro do ano passado.

Os laços serão promovidos ainda mais à medida que a China transforma sua economia orientada pela exportação para uma impulsionada pelo consumo interno, acrescentou o autor de livros sobre o país asiático.

"O atual desenvolvimento na China implica uma maior estabilidade para o país e também para seus parceiros comerciais, além de elevar os padrões de vida dos cidadãos chineses", afirmou Procópio.

Um grande potencial existe também na cooperação China-América Latina nas áreas de educação, cultura, ciência e tecnologia, disse ele.

"As reformas econômicas na China se concentram em aumentar produtividade, eficiência, conhecimento científico e competitividade. Para a América Latina, isso oferece grandes possibilidades de cooperação tecnológica", acrescentou.

Quanto às iminentes reuniões da Assembleia Popular Nacional e do Comitê Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, conhecidas como "duas sessões", Pagnussat sugeriu que os latino-americanos as sigam com interesse, pois qualquer resultado influenciará a economia mundial.

As decisões chinesas têm importância mundial, especialmente "quando você olha para o volume comercial da China, que representa uma fatia muito grande de comércio mundial", afirmou Pagnussat. Fim

(Web editor: Renato Lu, editor)

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