Partilha de dados de inteligência entre Tóquio e Seul dilatam complexidade do nordeste asiático

Fonte: Diário do Povo Online    24.11.2016 14h19

Seul e Tóquio assinaram o Acordo de Segurança Geral de Informação Militar na quarta-feira, um passo ilustrativo da velocidade de mutação do cenário geopolítico do nordeste asiático.

Após o pacto ser selado, a Coreia do Sul e o Japão passam a poder partilhar informação diretamente, incluindo dados obtidos dos mísseis, armas nucleares e submarinos de Pyongyang via satélite, decretando, assim, o final da necessidade dos EUA desempenharem um papel intermediário na partilha de informações entre os dois países.

O acordo com o Japão esteve muito próximo de ser lacrado em 2012, porém, a Coreia do Sul recuou na sua intenção uma hora apenas antes da cerimónia de assinatura do documento.

A Casa Azul engendrou o seu próprio estratagema.

A Coreia do Sul contou com Beijing durante anos a fio para conseguir um avanço decisivo em torno da questão nuclear do país vizinho. Com a estagnação da situação, Seul passou a culpabilizar a China pela estagnação da situação e por não desempenhar um papel assertivo o suficiente.

Devido à ainda enevoada estratégia do futuro presidente norte-americano para a Ásia, Seul procura agora arrecadar um apoio mais sólido de Washington e Tóquio para conter Pyongyang e, assim, prevenir um futuro envolto em incertezas.

Mais importante ainda é o facto da Presidente Park Geun-hye estar envolvida num escândalo político.

Este passo decisivo no âmbito do panorama da segurança do país pode ser interpretado como um colete salva-vidas para a manutenção do seu estatuto no presente, e para assegurar o legado da sua presidência.

Contudo, esta medida gerou uma onda de controvérsia. Será que o pacto será capaz de resistir a mais ameaças por parte da Coreia do Norte? Até que ponto poderá a Coreia do Sul ser usada pelo Japão,ao providenciar, eventualmente, às Forças de Autodefesa japonesas um alibi para desembarcar no solo da península coreana? Irá este acordo danificar os laços com Beijing e acentuar a tensão vivida na região? Seul estará exposta a vários riscos potenciais.

Enquanto isso, a China será desta vez colocada sob forte pressão, devido à cooperação entre o Japão e a Coreia do Sul.

Os EUA têm desde há muito instigado Seul e Tóquio a melhorarem o seu relacionamento, especialmente no âmbito militar. A assinatura do acordo é um sinal de que a aliança, dominada essencialmente pelos EUA, será reforçada naquela região do globo.

Existem até preocupações que uma nova NATO possa emergir no nordeste asiático, causando o desmoronamento do equilíbrio estratégico, e que daí resulte uma corrida às armas, pondo em causa a paz e a segurança.

Todo este cenário colide com os desígnios perseguidos pela China, forçando o país a tomar medidas reativas em função das ameaças provenientes de uma nova conjuntura regional.

Alguns analistas preveem que a colaboração local, exteriorizada através de iniciativas como o acordo de comércio livre entre as nações do nordeste asiático, venha a ser estropiada.

Neste momento, Beijing, mais do que nunca, tem de promover negociações relevantes. Ao fazê-lo, a China terá uma oportunidade para dissolver todos os fatores negativos do presente, incitar o ressurgimento da sua iniciativa do turbilhão de dificuldades que a assolam atualmente, e assegurar os seus interesses estratégicos. 

 

Coreia do Sul e Japão assinam formalmente pacto de inteligência militar

(Web editor: Renato Lu, editor)

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