Rio de Janeiro, 17 nov (Xinhua) -- "Ninguém fez isso antes, e gostaria ser a primeira a tentar", disse sorrindo Qiao Jianzhen ao falando sobre seu sonho de espalhar o amor pelo mandarim no Rio de Janeiro.
A professora chinesa de 47 anos tenta estender seu sonho de salas de aula do ensino superior e adulto para escolas locais de ensino médio.
Qiao, diretora da parte chinesa do Instituto Confúcio da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), tem um plano de 30 anos de transformar o máximo de brasileiros possível em conhecedores da língua chinesa, assim como da cultura. A professora também advoga por relações sino-brasileiras mais estreitas.
Esta é uma versão transplantada ambiciosa de seu sonho anterior. Nascida em uma família de gerações de professores, Qiao tratou a educação como sua vocação de vida. Operar uma escola privada para realizar suas ambições educacionais era seu plano antes de sua aposentadoria da Universidade Normal de Hebei da China.
No entanto, uma oportunidade inesperada de estudos em português levou Qiao eventualmente ao Instituto Confúcio na PUC-Rio em 2012.
"A localização é essencial para tornar o ensino do mandarim sustentável para o instituto, que deve servir como um ponto de partida para atingir as escolas secundárias", disse ela, acrescentando que programas de médio e longo prazo são necessários para isso.
A ideia veio após as dificuldades de encontrar um bom intérprete local para eventos culturais, apesar do fato de a China ser o maior parceiro comercial do Brasil e o Brasil o maior parceiro comercial e maior destino de investimento da China na América Latina.
As crescentes relações econômicas e comerciais entre os dois países encorajam cada vez mais brasileiros a aprender o mandarim. Qiao também estava triste de descobrir que as aulas dos institutos não podiam satisfazer o interesse da maioria dos brasileiros, que costumavam ir embora após um curso de iniciação.
No entanto, Qiao deu o primeiro passo para realizar seu sonho.
Com esforço e apoiada pelo governo chinês e seu alma mater, a primeira escola secundária brasileira que oferece um currículo bilíngue em português e mandarim foi aberta em fevereiro de 2015 em Niterói, município localizado no lado da Baía de Guanabara.
O plano de 72 matrículas recebeu mais de 600 solicitações, mesmo que a escola adote um sistema de ensino de dia inteiro, o que não é comum neste país latino-americano.
Além das aulas obrigatórias de mandarim todos os dias, a caligrafia, música folclórica, tênis de mesa e peteca também estão entre os elementos da escola, oferecendo aos alunos uma conexão emocional com a cultura chinesa.
Qiao disse estar muito feliz e sentir-se recompensada de ver que a escola fez a diferença nas vidas dos alunos.
Por exemplo, André Muhaisen da Corte, uma criança com autismo, já não é um espectador silencioso dos programas culturais, mas um participante ativo. Suas obras de recorte de papel trouxeram lágrimas à sua mãe quando ele a presenteou.
Agora ele é um dos melhores falantes de mandarim na escola.
Além disso, Qiao ajudou a tornar um fã de futebol de 16 anos que pouco lia em um estudante dedicado ao mandarim. Ela conseguiu convencer Guilherme Santos a participar de treinamentos de futebol regulares e um acampamento do verão na China é possível se ele passar no exame de mandarim HSK de nível dois.
Os êxitos alcançados por Santos e outros estudantes encorajaram Qiao a projetar mais planos para seus alunos, como as preparações de seus possíveis estudos na China.
"Durante talvez os últimos trinta anos na minha vida, eu espero vê-los como enviados culturais e amigos da China", assinalou Qiao, que está considerando arquivar o progresso de seus alunos em seus estudos e carreiras no futuro.
Em 2014, a professora Qiao se tornou o primeiro estrangeiro a ser premiado com a medalha por sua excelente contribuição para os intercâmbios culturais entre a China e o Brasil.