O Presidente brasileiro, Michel Temer, disse no dia 26 esperar que António Guterres, futuro secretário-geral das Nações Unidas contribua para a "reflexão modernizadora" da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) na cimeira da próxima semana em Brasília.

"Convidámos o secretário-geral eleito das Nações Unidas para a cimeira de Brasília. António Guterres, de quem todos nos orgulhamos, saberá contribuir para a nossa reflexão modernizadora", disse o chefe de Estado brasileiro, numa resposta escrita à agência Lusa.

Na missiva, Michel Temer defende que é "preciso atualizar a CPLP, alinhá-la ao que há de mais contemporâneo no debate internacional", quando questionado sobre as críticas de ineficiência e de falta de visibilidade relativamente à comunidade.

O Presidente brasileiro reconheceu que existe, em muitos dos países, a justa expectativa de que a CPLP responda aos anseios das sociedades" que a compõem, advogando: "Temos a obrigação de corresponder a essa expectativa".

"Por isso, o Brasil está propondo que passem as atividades da comunidade a estruturar-se em torno da Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável", disse, lembrando o tema escolhido pelo país, que irá assumir a presidência bienal do grupo, para a cimeira de Brasília.

Michel Temer frisou que "é igualmente justa a expectativa de uma CPLP que reflita os valores da sua gente - paz, democracia, direitos humanos", vincando que "essa é a CPLP pela qual o Brasil trabalhará".

O líder brasileiro foi questionado sobre quais os compromissos do Brasil para a presidência rotativa do grupo, depois do recado dado, na Globo News, pelo Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, ao Brasil de que a "organização não está morta", mas "agora depende largamente do Brasil, porque Portugal aposta, mas o Brasil tem de apostar".

"O Brasil tem um compromisso antigo com a lusofonia. A primeira reunião entre chefes de Estado e de Governo dos países de língua portuguesa realizou-se em São Luís do Maranhão, em 1989, no Governo do Presidente José Sarney", lembrou.

Michel Temer sublinhou que "a participação brasileira na CPLP volta a orientar-se por esse sentido histórico, pela permanência do que nos une".

"Na nova presidência, que agora temos a honra de assumir, renovaremos o nosso engajamento com uma CPLP moderna e afinada com as legítimas demandas das nossas sociedades. O aniversário de 20 anos é um momento de celebração do passado, mas deve ser também um momento de reflexão sobre o futuro", reforçou.

O maior país da CPLP assume, pela segunda vez, a presidência bianual da entidade na cimeira de chefes de Estado e de Governo, órgão máximo da entidade, que terá lugar em Brasília a 31 de outubro e 01 de novembro.

A CPLP reúne Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste e debruça-se sobre várias áreas de cooperação, como educação, saúde, defesa, agricultura, justiça, economia e língua.

Na cimeira que assinala os 20 anos da organização, será aprovada a Nova Visão Estratégica da organização e eleito um novo secretário-executivo.

Fonte: Lusa