Beijing, considerada a cidade chinesa mais rígida da história para com os fumadores, após um ano da implementação das medidas mais restritivas de que há memória no país no que concerne ao consumo de tabaco, conseguiu reduzir a percentagem de fumadores dentro de espaços fechados dos 11,3% para 3.8%. O consumo no interior de restaurantes caiu de 40,3% para os 14,8%. Por seu turno, a taxa de satisfação da população perante as medidas de controlo ao tabagismo dispararou dos 42,26% para os 81,3%.

Wang Chunhui, membro do “Movimento Para a Juventude sem Tabaco” encontrava-se num restaurante, quando sentiu o odor de tabaco vindo de uma mesa onde estavam duas fumadoras. Perante esta situação, Wang chamou a atenção da funcionária, que instou as fumadoras a apagar os cigarros. Para Wang, se as medidas não forem tomadas de forma coerciva, os direitos dos não-fumadores serão constantemente postos em causa.

O vice-diretor do Gabinete de Controlo ao Tabagismo do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças da China, Jiang Yuan, é também um dos responsáveis pelo Projeto Internacional de Avaliação de Políticas de Controlo ao Tabagismo. De acordo com os dados apurados neste projeto, entre 2007 e 2015, mais de 90% dos fumadores de Shanghai aprovaram a proibição do consumo de tabaco em restaurantes e demais espaços fechados. Em abril deste ano, o Gabinete de Estatísticas de Shanghai levou a cabo uma investigação que aponta para que mais de 90% dos cidadãos das áreas urbanas estejam a favor da alteração da lei que prevê a proibição de fumar em espaços fechados.

De acordo com Jiang, a Irlanda fora o primeiro país a implementar uma lei que atestava a existência de bares nos quais é proibido fumar. Antes da lei entrar em vigor, a taxa de apoio por parte da população fumadora era de apenas 12%. Dois anos depois, a percentagem ascendeu aos 61%.

Cumprem-se agora 10 anos desde que a Convenção Quadro para o Controle do Tabaco da OMS entrara em vigor na China, em 2006. De acordo com o estipulado, a China deveria ter alcançado a meta de garantir o não consumo de tabaco em espaços fechados há 5 anos, assim como extinguir quaisquer anúncios publicitários a este produto. O programa de Regulamentação do Consumo de Tabaco em Espaços Públicos também não viu ainda a luz do dia. O relatório da investigação do consumo de tabaco entre a população adulta de 2015 indica que a população fumadora na China é de cerca de 316 milhões de pessoas, indiciando um aumento progressivo no número de fumadores.

De acordo com Xu Guihua, ex-vice-presidente executiva da Associação de Controlo ao Tabagismo da China, a abertura de zonas de fumadores nos restaurantes não tem impacto suficiente na sociedade chinesa. Apenas a criação de espaços onde é expressamente proibido fumar poderá garantir a proteção da população geral, frisou.

As estatísticas apontam para que o número de mortes derivadas do consumo de tabaco anualmente seja de cerca de 1 milhão de pessoas. O cancro dos pulmões é a doença mais recorrente entre elas.