BEIJING, 10 de ago (Diário do Povo Online) – Quatro anos atrás, nos Jogos Olímpicos de Londres, uma notícia chamou a atenção do público: os uniformes da delegação olímpica dos Estados Unidos tinham sido fabricados na China.
Nos Jogos Olímpicos do Rio, os uniformes do desfile oficial da equipe norte-americana foram produzidos nos EUA para exaltar o patriotismo, mas isto não impediu que produtos “made in China” deixassem de aumentar sua presença nos Jogos. A marca chinesa de roupas esportivas 361° patrocinou os uniformes de cerca de 100 mil funcionários e voluntários dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio.
Isto vem num momento em que alguns criticam o papel da China como centro manufatureiro global e também em tempos no qual o protecionismo comercial está crescendo em alguns países desenvolvidos.
Mas qual será a consequência se negarmos a globalização e abraçarmos o protecionismo comercial? Alguns produtos “made in China” no Rio 2016 podem nos ajudar a responder essa pergunta.
Todas os trens da linha 4 do metrô do Rio, ligando o Rio com o Parque Olímpico, foram fabricadas por uma empresa chinesa. É claro que sem esse serviço, os Jogos Olímpicos seriam realizados, mas com muitas inconveniências, pois a Linha Olímpica reduz o tempo de viagem do centro do Rio para o Parque Olímpico em 30 minutos.
Uma Olimpíada sem produtos fabricados na China também seria mais caro, e é duvidoso que o Brasil pode, ou quer, pagar mais caro pelos Jogos diante das incertezas econômicas do país.
Segundos, todas as bandeiras nacionais que serão hasteadas durante as cerimônias e milhões de réplicas dos mascotes do Rio 2016 foram fabricadas na China.
Não há dúvida que as empresas chinesas nos setores de trabalho intensivo poderiam ser substituídas por empresas de outros países, mas a escolha do Rio reforça a evidência de que a fabricação da China ainda mantém uma vantagem comparativa, apesar do custo de trabalho crescente que espreme as margens de lucro.
Observadores sempre criticaram os fabricantes chineses de ter apenas uma vantagem de preço, enquanto sua tecnologia está atrasada em comparação com seus concorrentes estrangeiros. No entanto, os mais de 200 scanners de segurança fornecidos por uma companhia chinesa para garantir a segurança durante os Jogos demonstram que marcas “made in China” também são associadas com equipamentos de alta tecnologia.
Os Jogos Olímpicos do Rio se tornaram mais convenientes, rentáveis e seguros por causa dos produtos fabricados na China. Não há dúvida de que o aumento do protecionismo comercial acabará por prejudicar os interesses dos consumidores locais, mas parece que alguns países desenvolvidos, como os EUA, não entendem esta verdade simples.
