Especialistas refutam comentários do Pentágono de que a China estaria a “autoisolar-se”

Fonte: Diário do Povo Online    06.06.2016 13h56

O secretário do Departamento de Defesa norte-americano, Ashton Cater

Especialistas de várias nações asiáticas refutaram no domingo os comentários do Pentágono nos quais o diretor daquela instituição afirma que a China se estaria a “autoisolar”.

Durante o seu discurso durante o 15º Diálogo de Shangri-La, que se foca na segurança da região Ásia-Pacífico, Carter disse que a China poderia acabar erguendo uma “Grande Muralha de autoisolamento”.

“Os comentários de Carter não ajudarão a construir pontes entre os dois países. O mais importante a fazer no presente é ter uma postura de colaboração, ao invés de comentários cáusticos”, disse Asanga Abeyagoonasekera, um académico do International Political Economy da Universidade de Londres a lecionar atualmente no Royal Intitute of Colombo, no Sri Lanka, à margem do diálogo.

“Os comentários surgem com o reforço da presença americana na Ásia… os EUA querem mais presença aqui”, disse Asanga, acrescentando que: “…se reparar na inteligência, vigilância e infraestruturas de reconhecimento que os EUA construíram nesta área, poderá constatar um sério incremento da presença americana”.

Relativamente à China, Asanga disse que outros parceiros regionais e a China “partilham de uma cultura semelhante, são uma comunidade”, acrescentando que a China nunca esteve isolada na sua história, nem o estará no futuro.

Wu Xinbo, reitor executivo do Instituto de Estudos Internacionais da China na prestigiosa Universidade Fudan, disse que os comentários de Carter tinham o propósito de vender às nações asiáticas a ideia americana de estabelecer uma rede de segurança semelhante à NATO na região, regida pelos princípios americanos e dos seus aliados regionais.

Wu disse também que os comentários de Carter transmitem a frustração dos EUA face ao crescente intercâmbio ao nível da segurança com outros países asiáticos.

A China não pode ficar isolada na região, disse Wu. “Anos de pressão americana provaram ser fúteis, e a China está a fazer o que entende ser necessário, de forma que os EUA não possam fazer nada senão dizer que o país está isolado”.

Tea Bahn, vice-primeiro-ministro e ministro da defesa do Cambodja, disse também no sábado que não acredita que os comentários de Carter sejam corretos, tendo em conta que “a melhor forma de resolver disputas é através de meios pacíficos e de deixar ambas as partes atingirem a compreensão mútua através do diálogo.”

Huang Jing, professor da Universidade Nacional de Singapura, disse que, à medida que a China se desenvolve, os países da região da Ásia-Pacífico aprofundaram os seus laços, não só com os EUA, mas também com a China, o que prova que os comentários de Carter são “exagerados”.

Estas afirmações estão “a deturpar as políticas chinesas, e não estão em linha com os consensos dos dois países de forjar um novo padrão de relacionamento”, disse o Coronel Lu Yin, investigador associado do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade de Defesa Nacional da China.

O coronel fez notar que os comentários de Carter revelam paradoxos ideológicos na estratégia de rebalanceamento americana na região Ásia-Pacífico.

“Não vejo a possibilidade de que, sem esforços por parte da China, os EUA consigam concluir a sua estratégia de rebalanceamento na Ásia-Pacífico assim como conseguir a prosperidade comum que fora visionada”, disse Lu.

(Editor:Renato Lu,editor)

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