Apesar dos chineses continuarem a comprar produtos de luxo por todo o mundo, o mercado de luxo da China está em queda. Um relatório industrial demonstra que cerca de 83% das marcas de luxo encerraram algumas das suas lojas em 2015 – uma tendência que deverá manter-se. A mudança do fluxo de consumo para os mercados estrangeiros tem sido alimentada pelo crescimento do turismo para o exterior, referem os especialistas. Com a alteração dos hábitos de consumo dos chineses, as marcas de luxo terão que implementar uma estratégia de marketing mais adaptada e focalizada nos próximos anos.
Num sábado à tarde de abril, uma mulher identificada como “Wu” experimentava as várias bolsas de uma loja de produtos de luxo no distrito Chaoyang em Beijing.
“Adoro comprar bolsas de marcas de luxo como a Chanel, LV e da Dior, mas geralmente compro estes produtos quando viajo ao estrangeiro”, disse.
“Embora os preços dos produtos de luxo vendidos no mercado doméstico tenham descido, não tenho propriamente interesse em comprar estes produtos na China”.
Um dos empregados da referida loja disse que outrora os clientes faziam fila à porta da loja quando um novo produto chegava às prateleiras. Mas isso não se verificou “nos últimos 2 anos”, disse.
Embora um número crescente de consumidores chineses tenha demonstrado interesse em comprar produtos no estrangeiro, o mercado de luxo da parte continental da China tem vindo a decair.
Em 2015, o mercado caiu 2% para os 113 biliões de yuans, de acordo com um relatório emitido pela empresa de pesquisa de mercado Bain & Company em janeiro.
A queda deve-se essencialmente ao abrandamento da venda de relógios, roupa masculina e de artigos em pele, de acordo com o relatório.
Devido a esta evolução, três etiquetas podem ser usadas para descrever o mercado de luxo da China continental em 2015: descontos, ajuste de preços e fecho de lojas.
Uma onda de encerramentos
Cada vez mais superfícies comerciais de luxo têm vindo a fechar portas nos últimos anos. Cerca de 83% das marcas de luxo fecharam lojas na China em 2015, de acordo com um relatório lançado em abril pelo iResearch Consulting Group, que prevê que a tendência se mantenha.
Por exemplo, a francesa Louis Vuitton encerrou três lojas na China em novembro de 2015, incluindo aquela que teria sido a sua primeira loja em Guangzhou.
A alemã Hugo Boss fechou 20 das suas lojas na China no ano passado.
A italiana Gucci retirou 5 lojas do país e a Prada, também italiana, encerrou 2 lojas durante o mesmo período.
Para além do fecho das lojas marcas de luxo estrangeiras responderam à conjuntura do mercado chinês descendo o preço dos produtos.
Por exemplo, a Chanel aumentou os preços das suas bolsas mais conhecidas – a 11.12, a 2,55 e a Boy bag – na Europa em abril de 2015. Porém, reduziu os preços na Ásia, incluindo nas suas lojas na parte continental da China e em Hong Kong, de modo a combater a queda do euro e desencorajar os clientes de comprar falsificações.
Edição: Mauro Marques