Brasil em convulsão após votação do impeachment de Dilma na Câmara

Fonte: Diário do Povo Online    19.04.2016 10h07

BRASÍLIA, 19 de abril (Diário do Povo Online) - O Brasil acordou nesta segunda-feira em profunda crise política depois que os deputados aprovaram o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, levando apoiadores do governo a afirmarem que a democracia no maior país da América Latina está ameaçada.

Era necessário que 342 dos 513 deputados votassem a favor do impeachment, número que representa dois terços da Casa, para que o processo fosse aprovado na Câmara. Esse número foi alcançado perto da meia noite, após cinco horas de votação. Depois da derrota no Plenário, a questão agora vai ser resolvida pelo Senado

Uma animação selvagem e uma explosão de confetes irrompeu do grupo de oposição depois que o 342O voto foi declarado, em contraposição a fúria dos aliados de Dilma em um instante de amargo estado de espírito que consome o Brasil a apenas quatro meses dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

Jacques Wagner, chefe do gabinete da presidente Dilma Rousseff, acusou os deputados de votarem contra a presidente sem terem provas de que ela tenha cometido qualquer crime. A presidente está sendo acusada de ter praticado o que se chama de pedaladas fiscais.

“A decisão [na Câmara dos Deputados] foi um retrocesso e ameaça interromper 30 anos de democracia no país," disse ele se referindo ao período da ditadura militar que o Brasil viveu até 1985.

"Foi um golpe contra a democracia", disse o chefe da Advocacia-Geral da União, José Eduardo Cardozo.

Esperava-se uma reação eufórica dos mercados financeiros, que têm apostado as fichas na saída da presidente Dilma e na formação de um governo mais favorável às empresas e que faça a economia do país voltar a crescer.

Do lado de fora do Congresso, onde dezenas de milhares de pessoas assistiam a votação pelos telões, a divisão se ecoou em grande escala - com os apoiadores da oposição em festa e os defensores de Dilma em desespero.

"Eu estou feliz, feliz, feliz. Passei um ano na esperança de que Dilma fosse cair", disse a aposentada Maristela de Melo, de 63 anos.

Mariana Santos, 23, que apoia o governo Dilma começou a chorar, dizendo que a votação foi "uma desgraça para o país".

Milhares de policiais estavam a postos do lado de fora do Congresso, e o gramado onde os grupos contrários estavam foi separado por um cumprido muro de metal.

A presidente, de 68 anos de idade, é acusada de manobras fiscais ilegais durante o ano de 2014, ano da sua reeleição. Muitos brasileiros a culpam pela crise econômica e pelo enorme escândalo de corrupção na Petrobras - um recorde amargo que deixou seu governo com apenas 10% de aprovação.

Agora, a Câmara dos Deputados envia o pedido de impeachment ao Senado, que deverá votar em maio sobre a possibilidade ou não de abrir o processo. Se o pedido for aceito - o que os especialistas consideram quase como certo – Dilma é afastada do cargo por até 180 dias, enquanto o julgamento está em curso.

Se o Senado, por maioria simples, aprovar o impeachment, Dilma é deposta e o vice-presidente Michel Temer assume até as eleições em 2018.

Edição: Rafael Lima 

(Editor:Renato Lu,editor)

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