Os cartões de residência permanente, ou “green cards”, sempre foram notoriamente difíceis de obter na China, sendo que muita gente acredita que não têm muita utilidade.

Muitos dos estrangeiros que conseguiram um afirmam que, para lá de serem vistos de longa duração, os cartões são apenas úteis para abrir contas no banco ou para comprar bilhetes de comboio.

Porém, as autoridades chinesas irão introduzir novas políticas para aumentar o uso prático dos green cards, com o objetivo de atrair mais talentos ao país em mente.

Na quinta-feira, o governo central emitiu um documento no qual abordava a residência permanente de estrangeiros.

Gao Xiang, um porta-voz da Administração Nacional para os Assuntos dos Especialistas Estrangeiros, disse que “o documento procura atribuir de forma indiscriminada tratamento para os detentores de um green card. É uma prática internacional dotar os residentes permanentes das mesmas vantagens dos cidadãos locais. ”

“Temos já regulamentos que contemplam a residência permanente, mas os termos relacionados com o tratamento de estrangeiros não foram ainda resolvidos de forma consistente.”

“Com um nível de abertura cada vez maior e com um fluxo de trocas de recursos humanos também maior, tivemos que introduzir um sistema mais prático para proteger os direitos e deveres dos estrangeiros.”, disse.

A China começou a atribuir cartões de residência permanente aos estrangeiros em 2004. Em 2012, 25 ministérios e departamentos do governo central introduziram em conjunto uma provisão para o tratamento de detentores do green card, mas os termos não foram implementados na sua plenitude.

Gao disse: “Nos EUA, os fundadores de muitas grandes empresas inovadoras não são norte-americanos – o governo criou um sistema de talentos para os atrair. O que devemos fazer agora é construir também um sistema bem-estabelecido para atrair talentos de topo do mundo todo.”

O documento recentemente publicado inclui um guia para os estrangeiros com cartões de residência permanente, onde lhes deverá ser dado um tratamento igual a um cidadão chinês, como o direito a comprar casa, inscrição em escolas e registo na segurança social.

Eugene Gregoryanz, um físico da Universidade de Edimburgo que trabalha agora na Academia Chinesa de Ciências sob o “1,000 Talent Plan”, disse, “Eu acho que se os estrangeiros forem autorizados a comprar casa ou trocar RMB nos bancos como cidadãos chineses, seriam medidas muito atrativas e úteis.”

O 1,000 Talent Plan, também conhecido por Plano de Recrutamento Global de Especialistas, é um plano iniciado pelo governo chinês para atrair especialistas estrangeiros. O plano conta com o recrutamento de 313 especialistas desde que fora lançado em 2011.

O plano concede um subsídio de 1 milhão de yuans para cada recruta, juntamente com fundos de pesquisa, um salário e outros benefícios.

Os recrutas deverão trabalhar na China por, pelo menos, 3 anos, e permanecer no país por 9 meses a um ano.

Gregoryanz disse, “Para várias pessoas que conheço, a troca de dinheiro é um grande problema. Somos muito bem pagos, mas não podemos trocar grandes quantidades de RMB para dólares ou libras nos bancos. Temos que nos contentar com o aeroporto, onde as taxas de câmbio não são tão boas, ou pedir a amigos chineses para o fazerem por nós.

Edição: Mauro Marques