CABUL, 27 de outubro (Diário do Povo Online) - Um grande terremoto atingiu na segunda-feira (26) o nordeste remoto do Afeganistão, matando pelo menos 306 pessoas do país e do norte do Paquistão, deixando centenas de feridos no seu rasto e propagando ondas de choque que se estenderam até Nova Deli, na Índia, de acordo com as autoridades locais.
O número de mortos pode subir nos próximos dias, devido ao corte das comunicações em grande parte da montanha Hindu Kush, epicentro do terremoto.
Num dos piores incidentes registados, pelo menos 12 meninas foram mortas no pânico gerado aquando da fuga em massa da sua escola que frequentavam, em Taloqan, no oeste da província de Badakhshan, onde o abalo mais se fez sentir.
"Elas tropeçaram e foram pisadas continuamente pelos restantes alunos em fuga", disse Abdul Razaq Zinda, chefe provincial da Agência Nacional de Gestão de Desastres do Afeganistão, que relatou os danos pesados ocorridos em Takhar.
Ondas de choque foram sentidas em Nova Delhi, no norte da Índia, e em todo o norte do Paquistão, onde centenas de pessoas acorreram às ruas, após sentirem a atividade sísmica. Nenhuma morte foi registada na Índia.
O terremoto foi de 213 km (132 milhas) de profundidade e o epicentro situou-se a de 254 km (158 milhas) a nordeste de Cabul, na província de Badakhshan.
A Agência de Pesquisa Geológica dos EUA reviu a magnitude em 7,5 em contraste com os 7,7 pontos previstos inicialmente.
No Afeganistão, onde os trabalhos de resgate e alívio deverão ser dificultados por ameaças de segurança criadas pela atividade Taliban, pelo menos 52 mortos foram confirmados em várias províncias.
Além das 12 alunas em Takhar, as autoridades informaram que sete pessoas morreram na província oriental de Nangarhar, duas na província de Nuristão no nordeste, 22 na província oriental de Kunar e nove em Badakhshan, onde centenas de pessoas foram mortas em deslizamentos de terra no ano passado.
No Afeganistão, agências de ajuda internacionais que trabalham em áreas do norte, relataram que a cobertura da rede de celular nas áreas afetadas permaneceu cortada nas primeiras horas após o terremoto inicial.
"O problema é que nós simplesmente não sabemos. Muitas linhas telefónicas estão ainda quebradas", comunicou Scott Anderson, vice-chefe do escritório, ao gabinete da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários, em Cabul.
O governador provincial de Badakhshan, Shah Waliullah Adib, disse que cerca de 1.450 casas teriam sido destruídas.
No Paquistão, o chefe da Agência Provincial de Gestão de Desastres em Khyber Pakhtunkhwa, Amer Afaq disse que o número de mortos chegou aos 167, enquanto o porta-voz militar, o General Asim Bajwa, disse que cerca de 1.000 habitantes ficaram feridos.
As autoridades disseram que a maioria das mortes ocorreu em na fronteira a norte e noroeste com o Afeganistão e que o número de mortos deveria subir.
No Paquistão, a zona norte de Chitral, onde 20 pessoas foram mortas, foi particularmente atingida.
Mais a sul, a cidade de Peshawar relatou, por intermédio do chefe provincial de saúde, duas mortes e pelo menos 150 feridos, agora sob tratamento no hospital principal da cidade.
Tradução: Juliano Ma
Revisão: Mauro Marques
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