Agora, a visita de Xi , oferece ao presidente americano a oportunidade de corrigir o curso da sua política internacional com um dos intervenientes mais importantes.
Certamente que complicar as relações com a China, tendo em conta o esforço de sete presidentes que lhe antecederam, irá manchar o seu legado. Por isso, Obama deverá ter os seguintes aspetos em consideração para a promoção das relações China-E.U.A.
Primeiro, Obama deverá parar de tratar a China como um adversário. Para este fim, deverá ordenar o fim dos voos militares constantes na costa chinesa. Ao fazer isto, ele não estaria a abdicar de nada que não pudesse ser obtido por via satélite. O efeito principal destes voos tem sido meramente o de irritação psicológica, e a reação do público face ao fim destes seria enorme – por outras palavras, um pequeno gesto americano poderia ter um impacto enorme no estado das relações.
Em segundo lugar, Obama deverá oferecer-se para ajudar Xi na sua campanha anti-corrupção, tornando difícil aos oficiais corruptos chineses encontrarem abrigo em solo americano. Ao tomar esta atitude, Obama ofereceria uma ajuda valiosa para conseguir um dos objetivos fundamentais da agenda do presidente chinês. Além disso, esta atitude colocaria os EUA numa posição moral priveligiada, pois enviaria ao mundo a mensagem de que os Estados Unidos não albergam criminosos e fugitivos de outros países.
Em terceiro lugar, Obama deverá corrigir a sua postura relativamente aos projetos do presidente Xi, nomeadamente o Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas (BAII) e a iniciativa “Um Cinturão e uma Rota”, mostrando disponibilidade para trabalhar em conjunto com a China e a Ásia.
Estas três medidas são fáceis de tomar para Obama e poderiam contribuir imenso para aproximar os dois países.
Há ainda uma quarta medida que poderia ser introduzida durante o encontro entre os dois presidentes: aprofundar a cooperação na resolução da crise nuclear na península coreana.
Obama sabe que que a presidente da República da Coreia, Park Geun-hye, esteve em Pequim na quinta-feira para participar nos eventos que marcaram o 70º aniversário do final da Segunda Guerra Mundial, e que o líder da República Popular Democrática da Coreia, Kim Jong-un, esteve ausente. As três fações deveriam sentar-se à mesa para discutir a melhor forma de resolver a crise nuclear da península. Sem dúvida que exigiria um certo esforço por parte de todos, mas Obama poderia aproveitar a oportunidade para propor a Xi que os três intervenientes iniciem o processo.
Resolver o imbróglio da península coreana seria um excelente feito a incluir no seu legado, um problema evitado pelos seus antecessores. A mera sugestão de estar disponível para começar a tratar de um projeto delicado, contribuiria para uma confiança mútua com Xi e isso possibilitaria uma colaboração em vários outros assuntos.
O autor é um consultor de negócios reformado que visitou por várias vezes Hong Kong e a China. É também um ex-diretor da New America Media.