BRASÍLIA,16 de jun (Diário do Povo Online) – A presidente brasileira, Dilma Rousseff, recebeu nesta manhã, no Palácio do Planalto, a delegação do Diário do Povo,jornal oficial da China, chefiado pelo seu presidente Yang Zhenwu, e concedeu uma entrevista exclusiva ao veículo.
Dilma disse muito contente por conceder uma entrevista ao Diário do Povo. Segundo ela, as relações sino-brasileiras estão passando por um período importante e a reportagem do Diário do Povo vai promover o conhecimento dos chineses sobre o Brasil.
Em julho passado, o presidente chinês Xi Jinping e a senhora presidente chegaram a uma série de consensos em Brasília, então, quais forças de motriz trouxeram os contatos estreitos entre ambos os chefes de Estado para promover as cooperações bilaterais?
Em julho do ano passado, o presidente chinês Xi Jinping visitou o Brasil e firmamos uma série de consensos sobre o desenvolvimento das relações entre o Brasil e a China. Eu e o presidente Xi mantemos boas relações interativas. O Brasil e a China estabeleceram um laço harmonioso e de confiança mútua, que corresponde aos interesses comuns dos dois países. O Brasil e a China são grandes países em desenvolvimento, com enorme população e forte complementaridade. O Brasil é a sétima economia no mundo enquanto a China é a segunda economia, os dois países enfrentam enormes oportunidades econômicas nas cooperações. Os dois países estão em uma fase de desenvolvimento semelhante, ambos realizando reformas e ajustes. As empresas chinesas participaram de vários setores do Brasil, contribuindo muito à economia brasileira, por outro lado, algumas empresas brasileiras investiram na China. O governo brasileiro presta alta atenção às cooperações com a China e espero ver em breve os resultados das agendas que elaborei junto com os líderes chineses. O Brasil e a China têm os interesses e sonhos comuns.
O Brasil e a China são maiores países em desenvolvimento respectivamente nos hemisférios leste e oeste. Qual é o significado das cooperações eficazes sino-brasileiras para a cooperação sul-sul?
Nos últimos anos, o Brasil e a China têm mantido contatos e coordenações próximas nas questões de desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas e segurança de informações. Os dois países em desenvolvimento estão promovendo a estabelecer uma governança global mais justa e razoável no quadro do mecanismo multilateral. Pensamos em interesses comuns, mas também temos confiança mútua e respeitamos um a outro. Os dois países realizam as cooperações em várias plataformas de modo a promover o mecanismo da cooperação do Brics. Além disso, o Brasil e a China ainda mantêm cooperações positivas nas mudanças climáticas, questão em que pensamos que os países ricos e os em desenvolvimento devem assumir as responsabilidades comuns, mas diferenciadas. No quadro do G20, o Brasil e a China estão impulsionando o sistema financeiro internacional a se adaptar à nova estrutura de crescimento. Vamos construir, de mãos dadas com outros países, um mundo pacífico, inclusivo e de desenvolvimento sustentável, para beneficiar toda a gente.
Atualmente, a economia chinesa entra em uma fase de “nova normalidade”, enquanto o Brasil está conhecendo o reajuste profundo. Os dois países enfrentam desafios e oportunidades. Por quais maneiras os dois países devem aprofundar as cooperações? E o Brasil tem alguns projetos concretos para ampliar o comércio com a China e o investimento mútuo?
A China e o Brasil estão na fase de transformação. Para tal, nós precisamos de aprofundar as reformas e focalizamos o desenvolvimento sustentável. A cooperação com a China pode ajudar o Brasil a recuperar sua economia. Nosso país está se esforçando para melhorar a construção infraestrutural, por exemplo, a Ferrovia Transoceânica é um bom projeto, que pode ajudar o Brasil a transportar seus commodities a todos os lugares do mundo. Os dois países vão aprofundar ainda as cooperações nas áreas de energia e tecnologia, como a exploração em profundidade marítima, em que o Brasil tem ricas experiências. A China precisa de aumentar a demanda doméstica e o Brasil necessita do investimento, o que constitui uma complementaridade.
Nos encontros com os líderes chineses, a senhora presidente sempre enfatizou a importância dos intercâmbios de cultura e educação. Então, como o Brasil vai promover os intercâmbios com a China nestes setores?
A China é um país antiga com cinco mil anos de história, dando grandes contribuições à civilização da humanidade. O Brasil dá importância às cooperações e intercâmbios com a China na cultura e na educação, e vai estabelecer mais Institutos de Confúcio para criar mais plataformas de intercâmbio cultural. Pessoalmente, estou bem interessado pela cultura chinesa e espero que meu neto estude o mandarim desde a criança. Com o aumento da influência chinesda, o mandarim será uma língua internacional.
A China e o Brasil são membros do Brics e atualmente os membros desse grupo encontram algumas dificuldades no crescimento. Para a senhora, o que devem fazer os nossos dois países para estimular as cooperações entre os membros do Brics?
O Brics é uma das plataformas mais importantes no cenário mundial e as cooperações entre os países do Brics são consideradas o exemplo da sul-sul. O Brasil presta muita atenção às cooperações nessa plataforma, que não só beneficiam seus membros, mas também promovem o crescimento de outros países em desenvolvimento. Os países do Brics vão continuar a cooperar com o FMI e Banco Mundial.
Em vésperas da Copa do Mundo de 2014, a senhora presidente publicou um artigo no Diário do Povo, intitulado “A Copa das Copas”, que referiu os êxitos obtidos pelo Brasil na eliminação da pobreza. O que acha as principais experiências brasileiras na luta contra a pobreza?
A erradicação da pobreza no Brasil inclui os seguintes aspectos: primeiro, a Bolsa Família. As famílias com a menor renda podem obter essa bolsa de modo a diminuir suas dificuldades econômicas. O governo também elevou o mínimo salário, até hoje, esse critério já aumentou em 70%. Segundo, o Brasil fornece o empréstimo favoráveis às micro e pequenas empresas, a política de que já beneficiou dez milhões de empresas durante os oito anos. Terceiro, o governo oferece casas populares para as pessoas com renda baixa, promovendo o programa “Minha Casa Minha Vida” para os pobres. Prevê-se que até 2018 o programa vai beneficiar 6,75 milhões de população. Por outro lado, o governo brasileiro dá importância à educação, que é fundamental para erradicar a pobreza, e adotou uma série de medidas para garantir o acesso dos jovens às universidades públicas e privadas. Nós criamos oportunidades para os jovens brasileiros estudarem no exterior, nesse sentido, mantemos cooperações com a China e muitos outros países.
O Rio de Janeiro vai sediar os Jogos Olímpicos no ano que vem. Através do evento, qual imagem o Brasil quer mostrar ao mundo?
O Rio de Janeiro, que sediará os Jogos Olímpicos, é uma das cidades mais lindas do Brasil. Através das Olimpíadas, o Brasil quer mostrar ao mundo uma cultura diversificada e tolerante. Como um país de multi-raças, o Brasil tem descendentes africanos, indianos, europeus e asiáticos, o que é a característica que o Brasil vai mostrar. A China é um forte país no esporte e espero que seu país mande uma grande delegação esportiva ao Brasil, que vai oferecer as melhores condições para recebe os atletas chineses e de outros países.