Português>>Atualidade

China se torna, pela primeira vez, o maior fornecedor de fertilizantes do Brasil

Fonte: Xinhua    02.12.2025 13h20

A China se tornou, pela primeira vez, o maior fornecedor de fertilizantes do Brasil, ultrapassando a Rússia em volume de importações e consolidando uma posição estratégica no fornecimento de insumos agrícolas para o maior produtor mundial de alimentos, segundo dados divulgados nesta segunda-feira pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Especificamente, entre janeiro e outubro, as importações brasileiras de fertilizantes da China atingiram 9,77 milhões de toneladas, ligeiramente acima das 9,72 milhões de toneladas importadas pela Rússia.

Embora os volumes pareçam semelhantes à primeira vista, a velocidade do crescimento chinês é notável: as compras brasileiras de fertilizantes da China aumentaram 51% em comparação ao mesmo período do ano passado, enquanto as da Rússia cresceram 5,6%. Essa mudança reflete um reposicionamento do mercado brasileiro, que diversificou seus fornecedores e ampliou a relevância comercial da China no setor do agronegócio.

Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), as importações de sulfato de amônio da China têm sido um dos principais impulsionadores dessa expansão, enquanto a Rússia mantém sua posição de liderança no fornecimento de cloreto de potássio. Juntos, esses dois países representam aproximadamente 50% do volume total de fertilizantes importados pelo Brasil nesse período.

As compras totais de fertilizantes atingiram 38,3 milhões de toneladas entre janeiro e outubro, um aumento de 4,6% em comparação ao mesmo período de 2014. Os gastos totais chegaram a US$ 13,2 bilhões, um aumento de 16%. Os cinco maiores fornecedores de fertilizantes para o Brasil, em volume, são China, Rússia, Canadá, Marrocos e Egito.

A CNA indica que o mercado global de fosfatos não apresenta sinais de aumentos significativos de preços, já que a demanda permanece fraca em mercados-chave como Brasil, Índia e Estados Unidos. Os preços do potássio permanecem estáveis devido aos estoques existentes tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Os fertilizantes nitrogenados continuam a enfrentar um cenário mais volátil, com a China aumentando a oferta enquanto a Índia intensifica suas compras.

No mercado interno, os preços de outubro registraram queda em relação a setembro, embora ainda permaneçam acima dos níveis do ano passado. Para os produtores brasileiros, as condições de troca melhoraram para culturas como soja, milho e café, mas continuam desfavoráveis no setor algodoeiro, afetado pela queda nos preços da fibra e pelo alto custo dos fosfatos.

A demanda interna por fertilizantes também permanece forte. Até agosto, foram entregues 30,5 milhões de toneladas aos agricultores, 9% a mais do que no mesmo período do ano passado, segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA). A expectativa é de que 2025 feche com novo recorde de compras e que o volume seja ainda maior em 2026, impulsionado pela expansão da área cultivada e pelo aumento dos investimentos em tecnologia agrícola.

Além dos fertilizantes, o Brasil também aumentou suas importações de agrotóxicos. Entre janeiro e outubro, 863 mil toneladas de produtos como herbicidas, inseticidas e fungicidas entraram no país, um aumento de 33% no volume e de 21% nos gastos, totalizando US$ 4,67 bilhões. A China forneceu 70% desse volume total, seguida pela Índia, com 11%.

O crescimento nos fluxos comerciais de insumos agrícolas soma-se ao aumento das importações totais do agronegócio brasileiro provenientes da China, que atingiram US$ 6,1 bilhões até outubro, um aumento de 24% em comparação com 2014. Embora o mercado chinês continue sendo o principal destino dos produtos agrícolas brasileiros, essa tendência recente indica uma presença crescente de produtos chineses no mercado brasileiro, reforçando a interdependência comercial entre os dois países.

comentários

  • Usuário:
  • Comentar: