
Paraquedistas se preparam para se apresentar na Exposição de Aviação Industrial na Venezuela, no sábado, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar que o espaço aéreo "acima e ao redor" da Venezuela deveria ser considerado "totalmente fechado". (Foto: chinadaily.com.cn)
A Venezuela acusou os Estados Unidos de fazer uma "ameaça colonial" e de tentar minar sua soberania, depois que o presidente americano, Donald Trump, disse que o espaço aéreo "acima e ao redor" da nação sul-americana deveria ser considerado "totalmente fechado".
Em um comunicado oficial divulgado no sábado (29), Caracas rejeitou a tentativa de Washington de aplicar jurisdição extraterritorial à Venezuela, afirmando que a medida americana ameaça a "integridade territorial, a segurança aeronáutica e a plena soberania" da Venezuela.
Trata-se de "mais uma agressão extravagante, ilegal e injustificada contra o povo venezuelano", acrescentou o comunicado.
Em uma publicação em sua plataforma de mídia social no início do mesmo dia, Trump escreveu: "A todas as companhias aéreas, pilotos, traficantes de drogas e traficantes de pessoas, considerem o espaço aéreo acima e ao redor da Venezuela totalmente fechado."
A declaração ocorreu em meio ao aumento das tensões entre os EUA e a Venezuela. Em resposta, a Venezuela afirmou que a medida dos EUA equivale a uma ameaça explícita de uso da força, o que é proibido pela Carta das Nações Unidas.
De acordo com a Convenção de Chicago de 1944, cada Estado exerce soberania exclusiva sobre o espaço aéreo acima de seu território, afirmou o comunicado venezuelano, enfatizando que o país não aceitará "ordens, ameaças ou interferências" de qualquer potência estrangeira.
O comunicado apelou à comunidade internacional para que rejeite firmemente o "ato imoral de agressão", acrescentando que a Venezuela responderá com legalidade e dignidade.
Desde o início de setembro, os EUA realizaram mais de 20 ataques militares contra o que alegaram serem embarcações de narcotráfico no Caribe e no leste do Oceano Pacífico, matando mais de 80 pessoas.
A presença militar dos EUA no Caribe foi ainda mais reforçada em meados de novembro com o envio do USS Gerald R. Ford, um importante porta-aviões, a um nível nunca visto em pelo menos três décadas.
Em sua mensagem de Ação de Graças às tropas americanas na noite de quinta-feira (27), Trump também sugeriu que os EUA poderiam "muito em breve" tomar medidas terrestres contra as redes de narcotráfico na Venezuela.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, negou o envolvimento de seu governo com qualquer tráfico de drogas, acusando os EUA de buscarem um pretexto para forçar uma mudança de regime na Venezuela.
Em meio a temores de que Trump possa lançar uma grande operação na Venezuela, membros do Congresso americano — tanto democratas quanto republicanos — expressaram indignação, afirmando que o presidente americano não buscou aprovação legislativa para tal ação.
"As ações imprudentes do presidente Trump em relação à Venezuela estão aproximando cada vez mais os Estados Unidos de outra custosa guerra estrangeira", tuitou o senador democrata Chuck Schumer no domingo (30). "De acordo com nossa Constituição, o Congresso tem o poder exclusivo de declarar guerra", enfatizou ele.
A deputada republicana Marjorie Taylor Greene afirmou: "Lembrem-se, o Congresso tem o poder exclusivo de declarar guerra."
No mês passado, a Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês), principal órgão regulador da aviação nos EUA, emitiu um alerta para as principais companhias aéreas que sobrevoam a Venezuela, destacando os perigos de uma "situação potencialmente perigosa" devido ao "agravamento da situação de segurança e ao aumento da atividade militar dentro e ao redor" do país sul-americano.
Posteriormente, a Venezuela revogou as autorizações de operação de seis grandes companhias aéreas internacionais que haviam suspendido os voos para o país após o alerta da FAA.
No mês passado, Cuba acusou os EUA de pressionarem pela remoção violenta da liderança venezuelana, alertando que o crescente destacamento de forças militares americanas no Caribe representa uma ameaça "exagerada e agressiva" à estabilidade regional.