Para ampliar o mercado chinês, um grupo de mais de 70 representantes de 20 empresas brasileiras de processamento de carne bovina está em Shanghai participando da 8ª Exposição Internacional de Importação da China (CIIE), a primeira exposição de nível nacional dedicada exclusivamente às importações no mundo, inaugurada na última quarta-feira nesta metrópole no leste da China.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), responsável por cerca de 98% das exportações de carne bovina do país, lidera um "time da carne bovina" brasileiro, que ocupa um dos maiores estandes do evento. O espaço da ABIEC inclui até uma churrascaria, onde chefs preparam cortes brasileiros para os visitantes chineses.
MERCADO MAIS IMPORTANTE
Para o presidente da ABIEC, Roberto Perosa, a China já se consolidou como um dos mercados mais relevantes para a pecuária brasileira.
"Nós somos um parceiro confiável. Vivemos o nosso melhor momento na relação entre o Brasil e a China", afirmou Perosa.
A China é um dos maiores consumidores de carne bovina do mundo. Dados do Ministério da Agricultura e dos Assuntos Rurais mostram que, em 2024, o país importou um total de 2,9 milhões de toneladas métricas de carne bovina, tendo o Brasil como seu principal fornecedor.
Segundo a ABIEC, desde 2019 a China é o principal destino das exportações brasileiras de carne bovina. Perosa afirmou que o Brasil tem confiança em ser um parceiro estratégico na segurança alimentar da China, especialmente no fornecimento de proteína.
"O que houve foi um aumento no volume brasileiro por conta de outros fornecedores, como os Estados Unidos e a Austrália, que reduziram suas exportações para a China. O Brasil substituiu esses dois grandes fornecedores", explicou ele.
As 20 empresas associadas à ABIEC que participam da 8ª edição da CIIE, somadas a outras 17 companhias brasileiras do setor de alimentos e bebidas, esperam gerar mais de US$ 280 milhões em negócios durante o evento. Atualmente, 67 plantas frigoríficas (SIFs) e 31 empresas associadas à ABIEC estão habilitadas a exportar para o mercado chinês. Neste ano, a associação inaugurou um escritório para a Ásia em Beijing, reforçando ainda mais seu compromisso com o mercado chinês.
"Nós temos uma parceria de longa data com a China. Os dois países vivem um momento muito positivo. Queremos mostrar cada vez mais ao povo chinês que podemos conviver em harmonia com a produção local e também com a compra da carne bovina brasileira. Esse é o nosso intuito", acrescentou Perosa.
MERCADO EM RÁPIDO CRESCIMENTO
A algumas dezenas de quilômetros do centro de exposições da CIIE, contêineres carregados de carne bovina brasileira desembarcam no Porto de Shanghai, um dos mais movimentados do mundo, antes de seguir para os centros de consumo em todo a China.
A rede Latina Brazilian Steakhouse, que conta com mais de 20 churrascarias na China, vem se beneficiando do crescente apreço dos consumidores chineses pela carne bovina brasileira.
"Antigamente, nossos clientes praticamente eram 50% chineses, hoje esse número chega a cerca de 90%. Quase dobrou. Nos últimos anos temos consumido um volume de carne bovina cada vez maior", disse André Machado, jovem nascido em Brasília e sócio-administrador do World Dining Group, empresa controladora da rede.
Para ele, a melhoria das condições de vida da população e o aumento contínuo do consumo no longo prazo são fatores fundamentais que impulsionam o crescimento das importações chinesas de carne bovina.
"A procura está aumentando, e a gente também vem aumentando as importações do Brasil", disse ele, acrescentando que a rede pretende abrir 100 filiais nos próximos anos.
Segundo Shen Wei, vice-presidente do Comitê Profissional de Chefs da Associação Culinária da China, a demanda crescente por carne bovina importada demonstra o enorme potencial do mercado.
"Com base nas tendências atuais, a importação chinesa de carne bovina da América Latina deverá continuar a crescer", avaliou.
MERCADO CADA VEZ MAIS ABERTO
No subfórum de agricultura do Fórum Econômico Internacional de Hongqiao durante a CIIE, o gerente de agronegócios da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Laudemir André Müller, destacou que a abertura contínua do mercado chinês cria novas oportunidades para os produtos agrícolas brasileiros.
"O Brasil é um fornecedor estável, e nós temos uma produção de qualidade e sustentável, em escala, coisa que outros países não têm. Nós temos qualidade, sustentabilidade e uma escala grande de fornecimento, que nós achamos que é o que a China precisa", afirmou.
Ele acrescentou que o desenvolvimento econômico e social contínuo da China é um exemplo inspirador para o mundo.
"O aumento da renda da população chinesa tem impulsionado o consumo, e isso abre um futuro muito promissor para a cooperação entre nossos países", completou.
O embaixador do Brasil na China, Marcos Galvão, também ressaltou a consolidação das relações bilaterais no setor agroalimentar.
"A cooperação no setor de alimentos passa por um processo de consolidação - com parcerias sólidas - e de valorização. A forte e diversificada presença do agronegócio brasileiro na CIIE é um testemunho da maturidade e da excelência de nossa cooperação agrícola. O Brasil é, e continuará sendo, um parceiro confiável e fundamental para a segurança alimentar da China e do mundo", afirmou o diplomata.