O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou nesta quarta-feira o Plebiscito Popular por um País Mais Justo, uma consulta organizada por sindicatos, partidos de esquerda e movimentos sociais que reuniu mais de 1,5 milhão de votos a favor da expansão da justiça tributária e trabalhista no país.
A iniciativa, que começou em julho, defende a isenção do imposto de renda para salários de até 5 mil reais (cerca de US$ 943), impostos mais altos para quem ganha mais de 50 mil reais por mês e o fim da semana de trabalho de 6 por 1 (seis dias de trabalho por um de folga), além da redução da jornada de trabalho sem corte salarial.
O encontro entre representantes do movimento e Lula ocorreu no Palácio do Planalto, em Brasília, horas antes da votação na Câmara dos Deputados do projeto de lei que propõe a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
"Eu queria dar os parabéns aos dirigentes sindicais, queria dar os parabéns ao movimento social, aos partidos de esquerda que estão aqui, e dizer para vocês que nunca é tarde para a gente aprender a fazer as coisas. Eu acho que esse plebiscito que vocês estão me entregando hoje, simbolicamente, porque não tem caixa para trazer 1,5 milhão de assinaturas, é extremamente novo para a luta social deste país", destacou Lula.
Segundo os organizadores, o plebiscito utilizou urnas físicas em espaços públicos e nas sedes das organizações, além de uma plataforma de votação online. "O plebiscito popular é uma metodologia que levanta questionamentos e, a partir deles, abre um diálogo com a população em torno da necessidade dessas medidas", explicou Igor Felippe, coordenador da comissão da iniciativa.
As questões do referendo se concentraram em dois eixos: a redução da jornada de trabalho sem redução salarial e o fim do sistema 6x1, além da tributação dos super-ricos para financiar isenções do imposto de renda para salários mais baixos.
Embora a votação oficial do plebiscito termine em 12 de outubro, os organizadores anteciparam a entrega simbólica dos resultados para coincidir com a pauta legislativa. Após a votação do imposto de renda no Congresso, movimentos sociais disseram a Lula que sua próxima prioridade será a redução da jornada de trabalho e a eliminação da escala 6x1.
O debate sobre a jornada de trabalho se intensificou desde o final do ano passado, com protestos de rua no primeiro semestre de 2025. No Congresso, uma Proposta de Emenda Constitucional para eliminar a escala 6x1 ainda não avançou, embora o governo insista que ela é uma "prioridade" para este ano.
A medida, no entanto, enfrenta resistência do setor empresarial. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) alertou que a eliminação da escala aumentaria os custos operacionais das empresas.