O Fórum de Media e Think Tank do Sul Global 2025, inaugurado na sexta-feira em Kunming, na Província de Yunnan, sudoeste da China, reuniu centenas de acadêmicos e funcionários para amplificar a voz dos países em desenvolvimento no cenário mundial.
O encontro de cinco dias, realizado sob o tema "Capacitando o Sul Global, Navegando pelas Mudanças Globais", é a segunda edição após a anterior em São Paulo, Brasil, no ano passado.
Cerca de 500 representantes de mais de 260 instituições em 110 países, bem como organizações internacionais e regionais, participaram do encontro.
A agenda se concentrou na construção de consensos sobre a paz, na identificação de novos motores de desenvolvimento, na ampliação da cooperação e no avanço do diálogo entre as civilizações.
CONSTRUINDO CONSENSOS POR MEIO DO DIÁLOGO
Acredita-se que, diante das mudanças globais do século, buscar a modernização e trabalhar por uma ordem internacional mais justa e equitativa são as missões históricas sagradas dos países do Sul Global e os assuntos comuns dos tempos para a mídia e os think tanks do Sul Global.
Em novembro do ano passado, o primeiro fórum no Brasil emitiu a Declaração de São Paulo, convocando a mídia e os think tanks do Sul Global a defender resolutamente os interesses comuns do grupo e aumentar continuamente sua voz e influência nos assuntos globais.
Em julho, o Fórum de Mídia e Think Tank do BRICS e a Cúpula de Mídia e Think Tank da Organização de Cooperação de Shanghai (OCS) foram realizados, respectivamente, no Brasil e na China, ampliando ainda mais o consenso e fornecendo apoio intelectual aos países do Sul Global.
Leonardo Attuch, editor-chefe do Brasil 247, que participou do fórum de São Paulo, disse que a mídia desempenha um papel fundamental na melhoria do sistema de governança global e na amplificação da voz do Sul Global.
"Em apenas um ano, já vimos diálogos mais profundos e estruturados entre os meios de comunicação do Sul Global, amplificando ainda mais as vozes dos países do Sul Global e transformando a narrativa hegemônica tradicionalmente dominada pela mídia ocidental", disse Attuch.
PARA O DESENVOLVIMENTO COMPARTILHADO
Nos últimos anos, o Sul Global viu sua influência crescer significativamente. Respondendo por mais de 40% do produto interno bruto (PIB) global e contribuindo com até 80% do crescimento global, o Sul Global é uma força fundamental para manter a paz mundial, impulsionar o desenvolvimento mundial e melhorar a governança global.
A China sempre foi um país membro do Sul Global, uma parceira confiável de longo prazo de outros países em desenvolvimento e uma implementadora e empreendedora que trabalha pela causa do desenvolvimento global.
Da Ásia à África, da América Latina ao Pacífico, a China colabora com os países do Sul Global para promover a cooperação de alta qualidade do Cinturão e Rota, construindo estradas, pontes e portos, infraestrutura crucial para a prosperidade econômica. Projetos de subsistência "pequenos e bonitos", como as Oficinas Luban e o cultivo de arroz híbrido, criaram raízes nos países do Sul Global, apoiando seus esforços de modernização.
Nassar Abdulkareem Nassar, vice-diretor de assuntos de mídia da Agência de Notícias do Iraque, enfatizou o papel da China como membro do Sul Global no avanço da cooperação prática. "No Iraque, o apoio da China permitiu vários projetos históricos e programas de subsistência", disse ele.
A cooperação prática com a China forneceu um impulso contínuo para o desenvolvimento em todo o Sul Global, incluindo o Iraque, acrescentou Nassar.
O mundo de hoje está passando por mudanças profundas nunca vistas em um século, e a ascensão coletiva do Sul Global está se tornando uma característica definidora dessa transformação.
A mídia e os think tanks no Sul Global não são apenas disseminadores da voz do Sul Global e cronistas dos tempos em mudança, mas também formadores da imagem do Sul Global e promotores de uma ordem internacional mais justa e equitativa.
Fábio Manzini Camargo, assessor especial do ministro da Saúde do Brasil, disse à Xinhua que este fórum ajuda a fortalecer a colaboração entre a mídia e os think tanks do Sul Global, permitindo que o público entenda a realidade da sociedade contemporânea a partir da perspectiva do Sul Global.
RESPONDENDO A PERGUNTAS CONTEMPORÂNEAS
Hoje, uma missão compartilhada que os países do Sul Global enfrentam é quebrar o padrão de opinião pública global dominado pelo Ocidente e estabelecer sua própria subjetividade e poder de discurso.
O mundo está valorizando cada vez mais as vozes dos países do Sul Global, e a comunidade internacional percebeu que, sem ouvir as demandas da maioria da humanidade, a paz mundial não pode ser mantida, muito menos alcançar o desenvolvimento sustentável para toda a humanidade, disse Fidel Alejandro Gomez Vega, vice-presidente da agência de notícias cubana Prensa Latina.
O Sul Global está emergindo como uma força poderosa que impulsiona o desenvolvimento pacífico e constrói uma ordem internacional mais justa, acrescentou o executivo de mídia.
A mídia e os think tanks do Sul Global devem se tornar a voz e consciência de diversas sociedades, fornecendo análises aprofundadas, defendendo narrativas construtivas e moldando um sistema de discurso global equilibrado, disse Dzhoni Melikyan, chefe do Departamento de Pesquisa de Relações Internacionais do Centro de Relações Públicas e Informação do Escritório do Primeiro-Ministro Armênio.
No contexto da escalada dos conflitos geopolíticos, sua colaboração é crucial, acrescentou o funcionário armênio.
Ahmad Ismayilov, diretor executivo da Agência de Desenvolvimento de Mídia do Azerbaijão, disse que a mídia desempenha um papel vital na disseminação de informações objetivas e confiáveis, de modo que os meios de comunicação do Sul Global devem se tornar a ponte entre os formuladores de políticas e as pessoas.
A mídia do Sul Global deve investir em transformação digital, treinar e adotar ferramentas de inteligência artificial e estabelecer alianças intercontinentais para amplificar a voz do Sul Global, disse Ismayilov.
Durante o fórum, será emitido o Consenso de Yunnan, uma promessa conjunta de expandir a produção cooperativa de notícias e análises, além de um relatório de pesquisa sobre a contribuição da China para bens intelectuais públicos globais, que destila as melhores práticas das iniciativas Sul-Sul do país.
O evento também marca o lançamento formal da Rede de Parceria de Comunicação Conjunta do Sul Global, que abrange mais de 1.000 meios de comunicação, think tanks e outras instituições em 95 países e regiões.