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Por que a China, um país em desenvolvimento, continua comprometida com a redução de carbono?

Fonte: Diário do Povo Online    16.06.2025 16h18

Por Cheng Chen, Diário do Povo

Em um momento em que algumas nações desenvolvidas recuam de seus compromissos climáticos, por que a China, ainda considerada um país em desenvolvimento, mantém sua determinação na busca pela redução de carbono?

A resposta mais imediata está na crescente ameaça que o aquecimento global representa para a sobrevivência humana e o futuro da civilização.

Gases de efeito estufa como dióxido de carbono, metano e óxidos de nitrogênio são os principais responsáveis pelas mudanças climáticas. Neste contexto, o termo "carbono" é usado de forma abrangente para se referir a esses gases.

As Nações Unidas têm alertado repetidamente para a relação direta entre o aumento das emissões e a intensificação de desastres climáticos.

O planeta aquece em ritmo alarmante. A Organização Meteorológica Mundial confirmou que 2024 foi o ano mais quente já registrado, marcado por uma onda de eventos climáticos extremos. Os valores mensais de precipitação bateram recordes e ficaram 27% acima do período de referência, enquanto eventos extremos de chuva diária foram 52% mais frequentes em 2024 do que entre 1995 e 2005.

Nenhum país está imune aos efeitos do aquecimento global. Segundo o Centro Nacional de Clima da China, a média nacional de temperatura em 2024 foi de 10,9°C — a mais alta desde 1951. Foi também o ano mais quente desde 1961, quando o país passou a registrar dados meteorológicos completos.

A média de precipitação nacional chegou a 697,7 mm — 9% acima da média anual. Essas anomalias climáticas afetaram a produção agrícola, colocaram vidas em risco e causaram perdas materiais significativas.

Mas além das preocupações imediatas, o compromisso da China com a redução de carbono é impulsionado por considerações mais amplas — tanto internacionais quanto domésticas.

No cenário internacional, a postura da China reflete sua responsabilidade como grande potência e a necessidade urgente de construir uma comunidade global com um futuro compartilhado.

A experiência chinesa na redução de carbono pode servir de modelo para outros países em desenvolvimento, fortalecendo a capacidade coletiva de enfrentar as mudanças climáticas e contribuindo para uma transição global rumo à sustentabilidade.

Como participante ativo, contribuinte e líder no progresso ecológico global, a China está fortemente engajada na governança ambiental internacional e vem ampliando sua influência nesse campo. O país construiu a maior e mais completa cadeia industrial de energia renovável do mundo. Só em 2023, as exportações chinesas de produtos eólicos e fotovoltaicos contribuíram para uma redução estimada de 810 milhões de toneladas de emissões de carbono nos países destinatários.

No plano interno, a redução de carbono é um motor fundamental para a transformação verde e de baixo carbono da economia chinesa, promovendo o desenvolvimento sustentável e a convivência harmônica entre o ser humano e a natureza.

A China tem realizado mudanças significativas na sua matriz energética, com crescimento acelerado da energia hidrelétrica, nuclear, eólica e solar. Essas mudanças reduziram tanto as emissões de gases de efeito estufa quanto de poluentes como o PM2.5.

Entre 2015 e 2023, a concentração média de PM2,5 nas cidades chinesas com nível de prefeitura ou superior caiu mais de 30%. Entre 2013 e 2022, o PIB da região Beijing-Tianjin-Hebei cresceu 60%, enquanto a concentração de PM2.5 caiu mais de 60%.

A redução de carbono também ajuda a aliviar pressões sobre recursos naturais e o meio ambiente, criando condições para um crescimento sustentável. A China lidera o mundo em capacidade instalada de energia eólica, fotovoltaica, hidrelétrica e de biomassa. Nos últimos dez anos, a participação do carvão no consumo energético do país caiu 12,6 pontos percentuais.

Entre 2013 e 2023, a economia chinesa cresceu, em média, 6,1% ao ano com um aumento de apenas 3,3% no consumo de energia. Em 2023, as fontes renováveis responderam por cerca de um terço da eletricidade consumida no país.

Acompanhando as tendências tecnológicas, a redução de carbono também impulsiona a transformação e modernização da estrutura econômica. A China já eliminou mais de 150 milhões de toneladas de capacidade obsoleta na produção de aço e completou atualizações para emissões ultrabaixas em 134 milhões de toneladas de capacidade.

O país possui a maior, mais abrangente e mais competitiva cadeia industrial de energia limpa do mundo, respondendo por mais de 80% da produção global de polissilício, wafers, células solares e módulos, além de 60% da capacidade mundial de fabricação de turbinas eólicas.

No fundo, a pergunta sobre por que a China continua firme na redução de emissões está diretamente ligada à forma como o país entende o conceito de desenvolvimento.

Mesmo com o recuo de algumas nações em seus compromissos climáticos, a China permanece resoluta, pois o caminho de desenvolvimento que escolheu responde de forma concreta às crescentes aspirações do povo por uma vida melhor e se apoia em uma nova filosofia de desenvolvimento.

O desenvolvimento verde é a marca registrada do desenvolvimento de alta qualidade que a China busca, e a redução de carbono é parte essencial dessa meta. Ao reduzir emissões, o país também transforma seu modelo de crescimento.

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