Crianças da vila Dadu Bani, no Nepal. Foto: Zhang Bolan, Diário do Povo
Conhecida como a “Avenida Cênica dos Chineses”, a Estrada Nacional 318 começa na Praça do Povo, em Shanghai, e termina na Ponte da Amizade, em Zhangmu, no condado de Nyalam, cidade de Shigatse, em Xizang.
Recentemente, repórteres do Diário do Povo visitaram a Ponte da Amizade e testemunharam a movimentação intensa na fronteira entre a China e o Nepal, com fluxos contínuos de veículos e pessoas — uma verdadeira paisagem de trocas mútuas.
As aldeias de Zhangmu e Gyirong, além da milenar “Rota do Sal e dos Carneiros”, estão se tornando canais essenciais para o intercâmbio de bens e culturas dentro e fora da China.
Zhangmu: um porto terrestre repleto de esperança
Caminhão nepalês sai pelo posto fronteiriço de Zhangmu. Foto: Xian Gan, Diário do Povo
A Ponte da Amizade liga Zhangmu ao vilarejo de Tatopani, no Nepal. O jovem nepalês Chhiring atravessa a fronteira diariamente para administrar sua loja na China, vendendo tênis e cobertores chineses com grande sucesso.
Zhangmu (que significa “perto” ou “fronteira”, em tibetano) foi aberta oficialmente em 1966 e é o maior porto terrestre de primeira classe em Xizang, responsável por mais de 80% do comércio entre a China e o Nepal.
Próximo à fronteira, é possível ver veículos novos prontos para exportação. Segundo o vendedor Zeng Shuai, veículos elétricos de marcas chinesas como MG e Dongfeng estão em alta no Nepal. Somente nos primeiros cinco meses de 2024, mais de mil carros foram exportados via Zhangmu.
Após passarem pela alfândega no Porto Terrestre Internacional de Shigatse, esses carros são enviados por trem até a fronteira. Produtos como veículos elétricos, baterias de lítio e painéis solares estão em alta demanda no Sul da Ásia.
Em 2024, 11 mil veículos elétricos foram exportados por essa rota. Apesar do forte terremoto de 2015, o porto foi reaberto ao tráfego de passageiros em setembro de 2023 e é hoje o mais movimentado de Xizang.
Gyirong: um vale histórico de trocas e conexões
Caminhões aguardam liberação alfandegária no posto fronteiriço de Gyirong. Foto: Xiao Fugui
Gyirong, que significa “vila da felicidade” em tibetano, está situado no coração dos Himalaias e tem sido, desde há séculos, uma rota natural de ligação com o Sul da Ásia. Diz-se que “metade da história de Xizang passa por Gyirong”. Diplomatas da dinastia Tang, a princesa nepalense Bhrikuti e o mestre budista Padmasambhava passaram por esta região.
No porto local, caminhões carregados com alimentos do Nepal entram constantemente na China — uma novidade desde julho de 2023. Durante a visita, os repórteres encontraram o guia nepalês Sujan Basnet, liderando um grupo de 16 motociclistas australianos que percorrem 2.500 km ao longo da fronteira sino-nepalesa, passando por Lhasa e pelo Monte Everest. Basnet, que herdou o negócio de turismo do pai, acredita no potencial turístico de Xizang e quer aumentar a visibilidade internacional da Estrada 318.
O comerciante nepalês Mima Tsoem abriu o restaurante Loring, em Gyirong, há 14 anos e, desde 2019, mantém também uma loja de roupas e produtos típicos, com boa renda anual.
Os especialistas afirmam que o comércio e intercâmbio cultural entre países vizinhos com recursos complementares é um caminho promissor para o desenvolvimento conjunto.
Shigatse: nova cidade acolhedora e de fronteira aberta
Turistas compram produtos típicos locais na vila Jifu, em Gyirong. Foto: Laba Zongji
Em novembro de 2023, foi inaugurado o porto de Lizi, o mais alto de Xizang (4.772 metros de altitude), revitalizando a antiga “Rota do Sal e dos Carneiros” e facilitando ainda mais o comércio entre a China e o Sul da Ásia.
Os portos de Zhangmu e Gyirong também estão sendo ampliados, e planos para acelerar a construção da Zona de Cooperação Econômica de Fronteira em Gyirong e o Porto Terrestre Internacional de Shigatse foram incluídos no relatório de governo de 2025. Caminhões vão e vêm entre os dois lados da fronteira, decorados com bandeiras da China e do Nepal e frases como “Amizade Sino-Nepalesa”.
O comerciante nepalês Rapa, dono de um restaurante em Tatopani, gosta de assistir minisséries chinesas online nos momentos de folga, sentindo-se cada vez mais conectado culturalmente.
A facilitação na passagem de fronteira e a eficiência logística estão promovendo intercâmbios fluídos.
Ram, uma moradora de Gyirong, afirmou que o reconhecimento facial substituiu a impressão digital, tornando a travessia mais conveniente. A abertura ao exterior em Shigatse está em rápido progresso: a cidade já conta com 15 pontos de serviços cambiais cobrindo áreas fronteiriças.
No primeiro trimestre de 2024, o volume total de comércio exterior em Shigatse alcançou 907 milhões de yuans - um aumento de 22,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, sendo 574 milhões com países do Sul da Ásia — expectativa de novo recorde anual.
A oeste da Estrada 318, um novo panorama está se formando: pontes da amizade cruzam vales, fortalecem os laços de vizinhança e desenham uma bela paisagem de conexão regional.
Shigatse, Xizang
Shigatse (que significa “a melhor propriedade” em tibetano) está localizada no sudoeste de Xizang, com uma área de cerca de 180 mil km² e altitude média acima de 4.000 metros. É onde nasce o rio Yarlung Tsangpo e onde se encontra o Monte Everest.
A cidade abriga 5 dos 6 portos terrestres de Xizang (Zhangmu, Gyirong, Lizi, Chentang e Riwu), sendo o principal canal rodoviário de ligação entre a China e o Sul da Ásia. Seus indicadores econômicos estão entre os mais altos de Xizang, e Shigatse está se posicionando como um centro regional voltado à abertura para o Sul da Ásia.
