Por Shi Yuanhao, Diário do Povo
Na estufa da plantação de rosas da fazenda Hoja Verde, as rosas estão em plena floração. (Foto: Joselyn Gutiérrez)
No Equador, país da América do Sul, a linha do Equador cruza a Cordilheira dos Andes. Às 6 da manhã, em uma plantação de rosas da fazenda Hoja Verde, localizada ao pé do vulcão Cayambe — uma das principais regiões produtoras de rosas do país —, os trabalhadores começam a entrar nas estufas para colher as rosas manualmente.
“A altitude, as horas de sol e as condições climáticas do Equador oferecem um ambiente perfeito para o cultivo”, explicou Hernan Davila, gerente de vendas da Hoja Verde. “Nossas rosas têm uma qualidade estável e são muito populares no mercado chinês”, acrescentou, destacando que a fazenda já vende flores para a China há vários anos.
Trata-se de uma corrida contra o tempo. Na plantação, os trabalhadores cortam, desinfetam, embalam as rosas em caixas de papelão e as carregam em caminhões. No aeroporto, as caixas são colocadas em contêineres refrigerados a 2–8 graus Celsius e depois carregadas nos aviões. Na alta temporada, cerca de 30 voos partem diariamente de Quito, capital do Equador, para diversas partes do mundo. A viagem até Beijing envolve duas conexões e dura aproximadamente 40 horas.
Graças ao “canal verde” para importação de flores frescas, as rosas recebem prioridade nos controles aduaneiros e completam o processo em apenas 1,5 hora após o pouso. Assim, as flores chegam às mãos dos consumidores chineses no mínimo três dias após a colheita.
O sucesso das rosas equatorianas na China se deve à profunda cooperação comercial entre os dois países. A China tem sido, por anos, o segundo maior parceiro comercial do Equador e o principal destino de exportação de seus produtos não petrolíferos.
Em 1º de maio de 2024, entrou em vigor o Acordo de Livre Comércio entre a China e o Equador, por meio do qual ambas as partes eliminariam gradualmente as tarifas sobre cerca de 90% dos produtos. Para itens como flores, bananas, camarões-brancos, peixes, óleos de peixe, flores secas, cacau e café, as tarifas chinesas — que variavam de 5% a 20% — seriam gradualmente reduzidas a zero.
Segundo dados da Alfândega de Beijing, desde a entrada em vigor do acordo, a Alfândega do Aeroporto Internacional da Capital processou 128 lotes de aproximadamente 500 mil rosas equatorianas, com um peso total superior a 40 toneladas.
“Como as datas de celebração de festividades como o Dia dos Namorados na China são diferentes das de muitos outros países, o mercado chinês se tornou uma opção principal para as exportações equatorianas durante a baixa temporada”, disse Andrés Mancero, diretor da empresa equatoriana Valdani Trading, especializada na exportação de rosas para a China e residente no país há anos.
“A China é um mercado com grande potencial. Com a eliminação gradual das tarifas, as rosas equatorianas terão mais competitividade no preço”, acrescentou.
“Desde a entrada em vigor do acordo, economizamos cerca de 60 mil yuans em tarifas e outros custos”, comentou Wang Lei, diretor da empresa Beijing Jingke Hongxiang Import and Export Trade, localizada no Mercado Atacadista de Flores Wangsiying, na capital chinesa. Nesse contexto, o preço de cada rosa equatoriana diminuiu entre 1 e 2 yuans, tornando-as mais acessíveis aos consumidores chineses.
Dados recentemente divulgados pela Administração Geral de Alfândegas da China indicam que o volume de comércio bilateral entre os dois países alcançou 3,915 bilhões de dólares no primeiro trimestre deste ano, um aumento de 34,17% em comparação com o mesmo período de 2024.
O volume das importações chinesas do Equador chegou a 2,339 bilhões de dólares, um crescimento de 42,8%. Segundo a Associação Nacional de Aquicultura do Equador, as exportações de camarões-brancos — o principal produto equatoriano exportado para a China — atingiram 280 milhões de dólares em janeiro deste ano, um aumento de 25% em relação a janeiro do ano anterior.
“A China é o maior importador de alimentos do mundo, e o acordo de livre comércio é uma oportunidade estratégica para o Equador”, afirmou um artigo publicado no site do Ministério da Produção, Comércio Exterior, Investimentos e Pesca do país.
“Enquanto o Equador possui produtos de alta qualidade como frutos do mar, frutas e grãos, a aceitação da China por produtos importados de alta qualidade vem crescendo gradualmente”, disse Mancero, que espera expandir o comércio de rosas para outros produtos.
Atualmente, exportadores equatorianos de quinoa, mirtilos e abacaxis estão solicitando certificados fitossanitários chineses para poderem exportar seus produtos sem impostos.
Em fevereiro deste ano, o Equador exportou pela primeira vez latas de atum para a China com tarifa zero.
“A China tem um grande potencial de consumo de produtos pesqueiros de qualidade. Esperamos que o atum equatoriano tenha o mesmo sucesso que os camarões-brancos”, disse Ricardo Herrera, diretor da empresa equatoriana Tecopesca, especializada em exportações de atum para a China.
“O acordo de livre comércio oferece aos consumidores de ambos os países opções mais variadas e é um benefício mútuo”, acrescentou.
“Muitos produtores de pitaya e mirtilos no Equador usam lâmpadas de luz suplementar produzidas na China para melhorar a produção e a qualidade de suas colheitas”, comentou Zhang Pengxiang, conselheiro da Câmara de Comércio Equador-China. Segundo ele, as tarifas para produtos chineses como máquinas, equipamentos eletrônicos, automóveis e suas peças estão sendo reduzidas gradualmente, o que ajuda o Equador a modernizar suas indústrias.