Ministros de Energia dos países membros do BRICS, reunidos no Palácio do Itamaraty, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, aprovaram um Comunicado Conjunto nesta terça-feira, reafirmando seu compromisso com transições energéticas justas, ordenadas e inclusivas.
O documento de 28 parágrafos ressalta a importância de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em conformidade com o Acordo de Paris e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, respeitando as circunstâncias e prioridades nacionais.
Na reunião em Brasília, os ministros aprovaram o Roteiro de Cooperação Energética do BRICS 2025-2030, que servirá de base para aprofundar a colaboração entre os países e fomentar parcerias internacionais em questões energéticas prioritárias nos próximos cinco anos.
Com a expansão do ano passado, o BRICS agora tem 11 membros: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irã e Indonésia. Bolívia e Cuba, como países parceiros, também estiveram representados na reunião ministerial.
Ao alinhar estruturas regulatórias e atrair investimentos, as nações podem aumentar sua competitividade global e impulsionar a descarbonização de setores estratégicos, como transporte e indústria.
Nesse contexto, o texto enfatiza o apoio a mercados internacionais de energia mais abertos e equitativos, incluindo o uso de moedas locais na comercialização de energia e o acesso a financiamento com juros mais baixos.
O embaixador Mauricio Lyrio, líder do BRICS e secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty, argumentou que uma transição justa e segurança energética não são questões conflitantes na busca por melhores resultados econômicos, mas sim complementares.
"O mundo vê a transição não apenas como uma necessidade diante das mudanças climáticas. Vemos isso como uma grande oportunidade de posicionar nossos países em um novo paradigma econômico, para o benefício e a prosperidade de todos os povos", afirmou Lyrio.
Thiago Barral, Secretário Nacional de Transição Energética e Planejamento do Ministério de Minas e Energia do Brasil, afirmou que sem investimentos adequados, a transição será mais lenta, menos equitativa e menos inclusiva.
"A energia é um pilar estratégico das nossas economias e sociedades. E juntos somos responsáveis por quase 50% da produção e do consumo global de energia. Isso nos impõe a responsabilidade compartilhada de encontrar um equilíbrio entre segurança energética, desenvolvimento sustentável e a transição para um futuro de baixo carbono", afirmou.
O embaixador André Correa do Lago, presidente indicado da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que participou do encontro, enfatizou a importância de abordar o tema sob uma perspectiva multilateral, que envolva colaboração e cooperação entre diversos países para atingir objetivos comuns.
"Essa coordenação entre essas diversas reuniões internacionais que acontecem no Brasil é extremamente importante, seja G20, BRICS, os países da Amazônia, e a questão energética é simplesmente fundamental. Então, veremos uma série de iniciativas na COP30 que também estão intimamente relacionadas à questão energética", disse ele.
No próximo mês, nos dias 9 e 10 de junho, Brasília sediará a sétima Cúpula da Juventude de Energia do BRICS. Os participantes se reunirão com formuladores de políticas e líderes energéticos brasileiros e discutirão recomendações para o Relatório de Energia da Juventude BRICS de 2025, que deve incluir tópicos relacionados à Conferência da ONU.