Chen Yiming e Shao Shijun, Diário do Povo
O presidente brasileiro Lula da Silva. (Foto: Wang Tiancong/Xinhua)
"O Brasil tem na China um parceiro político, um parceiro econômico e um parceiro estratégico muito forte nesse mundo conturbado no século XXI", afirmou o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, durante uma entrevista coletiva concedida recentemente aos meios de comunicação social chineses em Brasília.
Segundo ele, a visita de Estado do presidente Xi Jinping ao Brasil no ano passado foi de grande importância, consolidando a profunda amizade entre os dois países e promovendo a cooperação prática em diversas áreas.
Durante a entrevista, o presidente brasileiro revelou seu desejo de aprofundar ainda mais a cooperação bilateral em setores como comércio, tecnologia, mudanças climáticas e saúde pública.
Ao comentar sobre a 4ª Reunião Ministerial do Fórum China-CELAC, que acontecerá no dia 13 de maio em Beijing, Lula afirmou que este será um "mais um passo importante na aproximação da China do continente latino-americano”.
"A cooperação entre a China e o Brasil continua a se aprofundar, com o volume do comércio bilateral aumentando de pouco mais de US$ 5 bilhões em 2003 para mais de US$ 180 bilhões em 2024". Lula acredita que ainda há enorme potencial para a parceria entre os dois países e que o comércio bilateral continuará crescendo.
Ele destacou que o Brasil está passando por uma ampla expansão em infraestrutura, mas que isso ainda é insuficiente para atender às demandas do desenvolvimento. O país buscará atrair mais empresas chinesas para investir e operar no Brasil, promovendo a implementação de mais projetos conjuntos.
Lula destacou, em especial, o desejo de continuar a cooperação com a China no projeto do satélite sino-brasileiro de recursos terrestres, o fortalecimento da colaboração nas áreas aeroespacial, de inteligência artificial e outras tecnologias de ponta, e promover o uso da IA para o benefício de toda a humanidade.
"O livre comércio é uma coisa que pode ajudar, inclusive, a evitar muitos conflitos que acontecem no mundo hoje", afirmou Lula. O chefe de Estado reiterou o apoio do Brasil ao multilateralismo e ao livre comércio, elogiando a firme posição da China contra tarifas de retaliação injustificadas.
Para ele, o mundo deve resistir conjuntamente ao hegemonismo e ao unilateralismo. Lula afirmou que o Brasil está disponível a trabalhar com a China para defender o sistema multilateral de comércio com a OMC como núcleo, proteger as normas e a ordem internacional, fortalecer o mecanismo dos BRICS e impulsionar a governança global para uma direção mais justa e racional.
Este ano, o Brasil será o anfitrião da 17ª Cúpula dos Líderes do BRICS e da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30). Lula agradeceu o forte apoio da China e convidou o país a participar dos eventos relacionados.
Segundo ele, o papel de liderança da China na governança climática global é fundamental, e o país tem realizado muitos esforços nesse domínio. O Brasil deseja estabelecer uma parceria sólida com a China para impulsionar ações globais contra as mudanças climáticas e convocar os países desenvolvidos a assumirem suas responsabilidades históricas.
Lula manifestou ainda o desejo de fortalecer a cooperação sino-brasileira em saúde pública, construindo conjuntamente uma comunidade global de saúde para a humanidade.
“O mundo precisa de paz. O mundo precisa muito mais de concórdia do que de discórdia. O mundo precisa muito mais de entendimento do que de desentendimento”, declarou Lula, reiterando que o Brasil continuará a trabalhar com a China para fortalecer o papel da ONU nos assuntos globais, defender o verdadeiro multilateralismo e se opor ao unilateralismo e à política de força.
Como países do Sul Global, o Brasil e a China podem promover a reforma das principais instituições da ONU, aumentando a representatividade e a voz dos países em desenvolvimento, protegendo seus direitos legítimos e enfrentando desafios comuns em conjunto.
Em termos de segurança global, o Brasil está disponível para colaborar com a China para contribuir de forma construtiva na busca por uma solução política para a crise na Ucrânia.
“Eu sou muito, muito otimista com a relação Brasil-China. Muito otimista sobre todos os aspectos”, concluiu.