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Entrevista: China é parceira fundamental para desenvolvimento sustentável da América Latina, diz embaixador uruguaio

Fonte: Xinhua    12.05.2025 14h01

A primeira reunião ministerial do Fórum China-CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) foi realizada em Beijing, a capital chinesa, em 2015. No mesmo ano, Fernando Lugris assumiu o cargo de embaixador do Uruguai na China, posição que lhe permitiu observar não apenas o desenvolvimento e o fortalecimento dos laços bilaterais entre os dois países, mas também a cooperação cada vez mais estreita entre o gigante asiático e a América Latina e o Caribe.

"Apesar das distâncias geográficas e das diferenças históricas que nos separam e dos diferentes sistemas políticos, hoje a presença da China nas agendas de desenvolvimento dos países latino-americanos e caribenhos está crescendo", disse Lugris em uma entrevista exclusiva à Xinhua.

Em 2018, o Uruguai se tornou o primeiro membro do Mercado Comum do Sul (Mercosul) a assinar um memorando de entendimento para a construção conjunta da Iniciativa Cinturão e Rota.

O país sul-americano tem sido, sem dúvida, um dos principais beneficiários dessa cooperação bilateral. "Os principais itens e setores de exportação uruguaios que têm a China como seu principal destino tiveram uma expansão muito significativa na última década", disse o diplomata.

A China é, atualmente, o maior parceiro comercial do Uruguai. De acordo com dados oficiais da Administração Geral das Alfândegas (AGA) da China, o comércio bilateral entre as duas partes alcançou US$ 6.588 milhões em 2024.

Depois de quase dez anos como embaixador do Uruguai, Lugris enfatizou que o Uruguai é um dos modelos mais notáveis da vigorosa cooperação entre a China e a América Latina. Até o momento, mais de 20 países da região aderiram à construção conjunta da Iniciativa Cinturão e Rota.

Uma década após sua criação, o Fórum China-CELAC se estabeleceu como a principal plataforma para promover essa cooperação abrangente, observou Lugris, que também é chefe da missão diplomática dos países da América Latina e do Caribe na China.

Da mesma forma, tendo testemunhado o processo de desenvolvimento do fórum desde o início, ele o valoriza como uma iniciativa essencial no propósito de "reunir todos os países da CELAC e a China para começar a trabalhar de forma mais decisiva em diretrizes específicas para a cooperação".

Lugris também valoriza o fortalecimento da confiança política entre as duas partes na última década, fato evidenciado pelas frequentes visitas de chefes de Estado e altos funcionários.

"Essa confiança política tem uma dimensão não apenas birregional entre a CELAC e a China, mas também nas relações bilaterais existentes entre cada um dos países latino-americanos e a China", afirmou ele.

O dinamismo desse mecanismo é refletido em números convincentes. O intercâmbio comercial sino-latino-americano será de US$ 518,467 milhões em 2024, mais que o dobro do valor de US$ 236,545 milhões registrado em 2015, de acordo com a AGA. A China é o segundo maior parceiro comercial da região como um todo.

O embaixador ressaltou ainda que a relação entre a CELAC e a China atingiu um grau mais alto de sofisticação por meio de intercâmbios interpessoais, como no caso da cooperação acadêmica e dos intercâmbios de estudantes e professores, bem como projetos conjuntos de laboratórios de ciência e tecnologia que desempenharão um papel mais importante no futuro.

"A China se consolidou na última década como um parceiro fundamental para o desenvolvimento sustentável e social dos países da América Latina e do Caribe", disse.

Sobre a quarta reunião ministerial do Fórum China-CELAC, que será realizada em 13 de maio em Beijing, ele apontou que será uma ocasião crucial para que todas as partes avaliem os sucessos alcançados nos últimos 10 anos e, acima de tudo, elaborem e implementem mais projetos e ideias por meio de consenso e com base em ganhos compartilhados, a fim de impulsionar ainda mais as relações benéficas para o futuro.

"Estamos em um momento importante para intensificar as agendas de cooperação Sul-Sul por meio de um maior diálogo", disse o diplomata, acrescentando que o Uruguai defende o fortalecimento da CELAC como um instrumento que une a América Latina e o Caribe em busca da realização de objetivos comuns.

Lugris reafirmou a importância de forjar conjuntamente uma comunidade China-América Latina de futuro compartilhado com o objetivo de enfrentar desafios comuns, promover benefícios mútuos, salvaguardar a paz e a segurança internacionais e construir um mundo melhor.

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