Em novembro do ano passado, os líderes da China e do Brasil anunciaram a elevação dos laços bilaterais de parceria estratégica abrangente para uma "comunidade de futuro compartilhado China-Brasil por um mundo mais justo e um planeta mais sustentável", marcando uma nova fase histórica nas relações entre os dois países. Especialistas destacam que a cooperação entre as duas nações tem gerado resultados frutíferos, demonstrando vitalidade robusta e impulsionando a realização de uma visão comum do Sul Global.
As relações China-Brasil têm produzido resultados notáveis, tornando-se um modelo de benefício mútuo. "China e Brasil são dois grandes países em desenvolvimento. A forma como os dois países se enxergam e desenvolvem suas relações bilaterais tem um impacto global significativo", afirmou Zhou Zhiwei, diretor-executivo do centro de estudos brasileiros e diretor do departamento de relações internacionais, ligados ao Instituto da América Latina da Academia Chinesa de Ciências Sociais.
"Em um contexto de o mundo estar passando por mudanças aceleradas nunca vistas em um século, a decisão de elevar as relações bilaterais vai além do âmbito bilateral, refletindo uma dimensão global, estratégica e de longo prazo, tornando-se um exemplo de cooperação e solidariedade entre grandes países em desenvolvimento. Isso também demonstra a determinação da China e do Brasil em defender a equidade e a justiça internacionais e promover a melhoria da governança global, fortalecendo a união e o consenso entre o Sul Global, aumentando sua voz e influência internacional, e impulsionando reformas para tornar o sistema de governança global mais racional", disse.
Ele destacou que a cooperação China-Brasil é baseada em alta complementaridade e necessidades mútuas estratégicas, abrangendo áreas extensas com resultados significativos.
Nos últimos anos, em particular, a cooperação econômica e comercial entre os dois países tem se desenvolvido de forma robusta com um volume crescente. Em novembro do ano passado, as duas partes assinaram 38 documentos de cooperação, cobrindo áreas tradicionais como mineração e agricultura e campos emergentes como inteligência artificial. O reforço da cooperação em áreas emergentes impulsionará a capacidade de inovação científica e tecnológica de ambos os países, especialmente em meio à nova onda de inovação científica e tecnológica e transformação industrial no mundo.
A China tem sido o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009. Segundo dados da Administração Geral das Alfândegas da China, o comércio bilateral atingiu US$ 188,1 bilhões em 2024, marcando um novo recorde. Os investimentos acumulados da China no Brasil ultrapassaram US$ 70 bilhões, abrangendo diversos setores-chave. Além disso, os dois países decidiram promover a sinergia entre a Iniciativa Cinturão e Rota e as estratégias de desenvolvimento do Brasil, como o Programa de Aceleração do Crescimento e o Plano Nova Indústria Brasil, aprofundando a cooperação em áreas como economia, finanças, tecnologia, infraestrutura e meio ambiente.
Os intercâmbios interpessoais e culturais entre China e Brasil também têm prosperado, fortalecendo a amizade entre os dois povos. Atualmente, o Brasil possui 12 Institutos Confúcio, o maior número na América Latina. Os dois países concordaram em designar 2026 como o "Ano Cultural China-Brasil", para estreitar os laços culturais, promover o entendimento mútuo e disseminar as culturas diversas e criativas de ambas as nações.
Marcos Cordeiro Pires, professor das Ciências Políticas e Econômicas da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista, destacou que as relações China-Brasil sempre ultrapassaram as interferências. "As relações bilaterais entre Brasil e China estão consolidadas como políticas de Estado, não de um governo específico."
Pires ressaltou que mesmo diante das flutuações no cenário internacional como tensões geopolíticas e atritos comerciais globais, as duas partes continuam avançando em direção a objetivos comuns, guiadas pelo bom senso e interesses nacionais, evidenciando o caráter estratégico das relações bilaterais.
As relações China-Brasil não apenas beneficiam os dois países, mas também refletem a visão comum do Sul Global. Zhou Zhiwei afirmou que o posicionamento estratégico de "comunidade de futuro compartilhado China-Brasil por um mundo mais justo e um planeta mais sustentável" em si incorpora as principais direções da cooperação do Sul Global. Os dois países participam ativamente da construção de mecanismos multilaterais, compartilhando posições alinhadas em áreas como desenvolvimento, redução da pobreza e sustentabilidade, e atuando como motores-chave na cooperação do Sul Global.
Zhou acrescentou que, como nações importantes do Sul Global, China e Brasil, ao fortalecerem sua cooperação, promovem a união e a expressão de posições comuns do Sul Global, impulsionando a formação de soluções coletivas. Essa cooperação não apenas gera benefícios tangíveis para ambos os lados, mas também fornece um impulso para a reforma do sistema internacional, demonstrando o enorme potencial da colaboração e da solidariedade entre os países do Sul Global.
