O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, abriu a reunião de ministros das Relações Exteriores do BRICS no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira, com um apelo para fortalecer o compromisso do grupo com a paz, a cooperação internacional e a reforma das instituições multilaterais, em um momento que ele descreveu como uma das "crises convergentes" no cenário global.
O encontro, realizado durante dois dias no recém-reformado Palácio do Itamaraty, marca o início de uma série de reuniões preparatórias para a Cúpula de Líderes do BRICS, que o Brasil sediará em julho.
Em seu discurso, Vieira enfatizou que a expansão do BRICS, que ganhou novos membros em 2024 e hoje representa quase metade da população mundial, consolida a posição do grupo como força decisiva na promoção do diálogo, do desenvolvimento sustentável e do respeito ao direito internacional.
"Nossa diversidade geográfica, cultural e política é uma força que nos permite enfrentar os desafios globais de uma perspectiva inclusiva e representativa", disse ele.
"O BRICS têm um papel vital a desempenhar no fortalecimento dos princípios do direito internacional, apoiando a resolução pacífica de disputas e defendendo instituições multilaterais mais democráticas e eficazes", enfatizou Vieira.
O discurso de Vieira abordou detalhadamente diversas crises internacionais. Em relação ao conflito entre Israel e Palestina, ele expressou profunda preocupação com a retomada dos bombardeios na Faixa de Gaza e a obstrução da ajuda humanitária.
"É imperativo conseguir uma retirada total das forças israelenses de Gaza e avançar em direção a uma solução de dois Estados, com um Estado palestino independente e viável dentro das fronteiras de 1967 e com Jerusalém Oriental como sua capital", afirmou.
Sobre a guerra na Ucrânia, o ministro lembrou da iniciativa conjunta do Brasil e da China, que levou à criação do "Grupo de Amigos da Paz" do Sul Global. "Continuamos comprometidos em buscar uma solução política baseada na diplomacia e nos princípios da Carta das Nações Unidas", disse ele.
Ao encerrar seu discurso, Mauro Vieira reafirmou a visão do BRICS como um grupo voltado para a cooperação, não para o confronto. "Devemos dar o exemplo, comprometidos com um mundo multipolar onde a segurança seja um direito de todos, não um privilégio de alguns", concluiu.
O encontro de chanceleres marca um marco importante no ano da presidência brasileira do BRICS, que busca fortalecer a coesão do grupo, aprofundar sua cooperação em diversas áreas e reforçar sua influência na governança global.
