26.04, 2025
Português>>Economia

Nova onda da cultura do chá chinês chega ao mundo

Fonte: Diário do Povo Online    15.04.2025 09h24

Pessoas fazem fila em frente a uma loja Mixue em Sydney, Austrália. (Foto: Xinhua)

Em um movimentado salão de exposições em Chengdu, província de Sichuan, sudoeste da China, Gregory Cattin, um veterano da indústria de bebidas francesa, saboreou uma xícara de oolong com aroma de osmanthus, com uma expressão que passou da curiosidade ao deleite.

"Isso não é apenas chá; é uma evolução", afirmou ele. Tendo percorrido mercados globais por mais de três décadas, Cattin está agora entre os inúmeros compradores internacionais cativados por uma nova onda da cultura do chá chinês.

Ele viajou de Hong Kong a Chengdu para participar da 112ª Feira de Alimentos e Bebidas da China, realizada no final de março. "Vim especificamente para procurar boas marcas e produtos, na esperança de estabelecer parcerias e trazer produtos de alta qualidade para o exterior", disse ele.

Do cremoso chá de bolhas com açúcar preto, feito sob medida para o mercado do Sudeste Asiático, às infusões de frutas sem açúcar que atraem paladares europeus, as marcas chinesas de chá estão redefinindo as tendências globais de bebidas. Antes confinado a cerimônias tradicionais, o chá chinês agora é uma tela para a inovação, combinando uma herança milenar com um toque cosmopolita.

A jornada de Cattin reflete uma mudança mais ampla. À medida que redes chinesas se expandem globalmente, como a ChaPanda em Melbourne, Kuala Lumpur e Barcelona, e a HEYTEA em Londres, Melbourne e Nova York, elas não estão apenas vendendo bebidas — elas estão moldando conversas culturais por meio de experiências modernas com chá.

A ChaPanda vendeu mais de 140.000 xícaras de sua cobiçada bebida "Yangzhiganlu" (manga, pomelo e sagu) no exterior, enquanto as lojas Grass Jelly & Tea no mercado norte-americano viram sua receita diária atingir mais de 50.000 yuans (cerca de 7.000 dólares americanos).

A chave está na inovação hiperlocalizada. Em Barcelona, o chá matcha com leite perolado e açúcar mascavo da ChaPanda se tornou um sucesso instantâneo, enquanto em Kuala Lumpur, os ricos sabores leitosos atendem às preferências locais.

"Trata-se de honrar os sabores regionais, mantendo a nossa alma chinesa", disse Wang Huan, chefe das operações globais da ChaPanda.

Nos bastidores, redes logísticas robustas impulsionam essa expansão. Marcas como Grass Jelly & Tea estabeleceram centros internacionais no Vietnã e na Indonésia, integrando o fornecimento local com a entrega internacional de ingredientes essenciais — um modelo híbrido que garante frescor e autenticidade.

A revolução vai além das papilas gustativas. A loja New York Lab da HEYTEA combina paredes de bambu com espaços de meditação, transformando lojas em pop-ups culturais. Bebidas de edição limitada envoltas em temas da Ópera de Pequim ou inspiradas em antigas lendas chinesas transformam cada pedido numa sessão de contação de histórias.

Até mesmo os formatos das lojas se adaptam filosoficamente: a espaçosa loja da ChaPanda em Seul, espelhando a cultura do "terceiro espaço" da República da Coreia, convida os clientes a permanecerem ali — um contraste deliberado com as normas de "pegar e levar".

Enquanto Cattin negociava parcerias para levar essas misturas para a Europa, ele refletia que "a China não apenas inventou o chá; ela o reinventou para o mundo".

Com o mercado global de chás de novo estilo ultrapassando 350 bilhões de yuans, um aumento de 6,4% em relação ao ano anterior, e as marcas expandindo sua presença no exterior, os sinais de mudança estão se espalhando pelo mundo todo. Das confeitarias parisienses aos mercados de rua de Bangkok, a antiga arte do chá chinês apura cada vez mais seu sabor.

comentáriosVer mais comentários

  • Usuário:
  • Comentar: