Por Bacar Camará*
A Guerra Comercial entre a China e os Estados Unidos, despoletada em 2018, representa um dos maiores desafios econômicos e geopolíticos contemporâneos e, coloca o mundo perante uma disputa complexa e desafiadora para os consumidores.
É injustificável crescente guerra comercial norte-americana, não só contra a China, mas contra vários países do mundo, contrariando assim todas as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Ao contrário desta posição unilateral dos Estados Unidos da América, a China tem defendido multilateralismo e livre comércio nas normas estabelecidas pela OMC, um espaço adequado para superar as disputas comerciais duma forma mais civilizada.
A meu ver, a posição da China face à Guerra Comercial com os Estados Unidos da América tem sido decente e, racional, pois, abordagem de Beijing sobre esta matéria vai no sentido de priorizar a cooperação e o diálogo, em vez do protecionismo e do conflito comercial.
No entanto, sendo o mundo interligado, as consequências de guerra comercial prolongada entre essas duas maiores economias do mundo, se não for privilegiado o diálogo, serão sentidas por todos. Além disso, o mundo enfrentará custos mais altos, suscetível de impactar os setores importantes, como a tecnologia, a manufatura e a agricultura.
Assim, vejo esta guerra comercial lançada pelos Estados Unidos América como um ataque ao desenvolvimento econômico global e, tentam assim vedar o caminho e o direito de outras nações reduzirem a pobreza, assim como, a China ascender como potência mundial.
Diante desse cenário, seria desejável, acho eu, que as duas potências económicas mundiais, a China e os Estados Unidos da América procurem dialogar duma construtiva para evitar uma escalada ainda maior das tensões. Ou seja, melhor a cooperação, em vez da confrontação.
Ainda mais, do meu ponto de vista, a solução para resolver disputas comerciais e garantir a estabilidade global, a OMC, deve assumir a sua responsabilidade e, um papel mais activo para a mediação de conflitos e na promoção de regras comerciais justas.
Não deve haver imposição nas relações económicas e comerciais entre os estados, pois, a finalidade do mesmo é criar benefícios e ganhos mútuos, por isso, a China tem defendido o multilateralismo e o comércio livre. Além disso, sempre Beijing procura diversificar as parcerias comerciais e, fortalecer laços com todos os países, designadamente: a África, América, Sudoeste Asiático, a União Europeia, entre outros.
Até aqui, o que a China monstra ser, é defensora do comércio global justo e aberto e, revela ainda uma elevada racionalidade perante as provocações e das medidas protecionistas adotadas pelos Estados Unidos.
A postura mais digna da China, é o seu compromisso com o multilateralismo, onde assume uma postura responsável e construtiva no cenário do comércio internacional, enquanto os Estados Unidos adotam uma postura mais unilateral e, de guerra comercial.
Nesta ótica, a China continua a crescer economicamente estável, devido a sua política eficiente, por outro lado, reforça a sua posição internacional como sendo um ator económico indispensável e, exemplar.
Enquanto isso, os Estados Unidos da América, também um actor indispensável, enveredaram-se para a confrontação, quer sob liderança do Donald Trump e posteriormente por Joe Biden, procurando justificar a sua posição pela questão do Fentanil.
Sobre isso, subscrevo inteiramente a posição de Bejing, que considerou a justificação americana que associa a sua decisão ao caso "Fentanil", "apenas uma desculpa que os EUA usam para impor tarifas, pressionar e chantagear a China."
É que, a China tem sido um exemplo no combate ao consumo de droga e aos narcóticos. Daí que, concordo com a posição defendida pelo governo chinês, segundo a qual, a decisão de Washington "é apenas contraproducente e desferirá um duro golpe no diálogo e na cooperação com a China no combate aos narcóticos."
Outrossim, Estados Unidos da América decidiram impor tarifas sobre produtos chineses e outros países. Embora, essa decisão unilateral norte-americana tem gerado custos significativos para os seus consumidores e as suas empresas, que enfrentam agora preços mais altos e incertezas no mercado.
Entretanto, as consequências da guerra comercial entre a China e os Estados Unidos da América são nocivas para economia mundial, sobretudo para as economias dos países em via de desenvolvimento. Hoje, por iniciativas comerciais, a China desempenha um papel crucial no combate à pobreza em África.
Além disso, ela, a China, promove industrialização e a transferência de tecnologia para o continente africano, o que pode diversificar as economias africanas e criar empregos. Ora, no âmbito seu compromisso firme com multilateralismo, a China procura sempre mitigar o impacto negativo da guerra comercial lançada desnecessariamente pelos os Estados Unidos da América.
Há muito tempo que a China tem mantido uma postura de equilíbrio, e evitar confrontação comercial. Inicialmente, em vez de retaliar as injustas medidas tarifárias, sempre minimizou os danos que as mesmas possam causar à economia global.
A nível endógena, a China conseguiu resistir essas pressões comerciais americanas através de medidas de diversificação o que torna mais forte a sua economia doméstica, investindo em tecnologia, na inovação e no consumo interno.
Por fim, a China é uma potência que assume sempre uma postura inequívoca em matéria da globalização e do comércio livre, o que lhe valeu como uma potência responsável no cenário mundial.
Aliás, em setembro de 2024, no termo do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC), a China decidiu fixar imposto zero para 100% dos produtos dos 33 países menos desenvolvidos da África, incluindo a Guiné-Bissau. Este gesto prova nitidamente a posição da República Popular da China em promover multilateralismo e, o comércio sem restrições em todo o mundo.
*O autor é ex-editor chefe da Radiodifusão Nacional da Guiné-Bissau