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Brasil promove cooperação técnica com África no setor agrícola

Fonte: Xinhua    21.03.2025 11h09

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) financiarão a vinda de pesquisadores agrícolas africanos ao Brasil, com o objetivo de fortalecer a cooperação técnica no setor agrícola.

Representantes dessas instituições assinaram nesta quarta-feira uma carta de intenções para facilitar o intercâmbio de especialistas e fortalecer a rede de cooperação internacional, com foco na segurança alimentar. Segundo o acordo, pelo menos 30 pesquisadores de institutos científicos, universidades e agências governamentais de países africanos poderão participar da iniciativa.

O programa se concentrará em três áreas principais: agricultura regenerativa, para preservar os recursos naturais e tornar a produção mais sustentável; segurança alimentar e nutricional, garantindo o acesso a alimentos saudáveis; e a recuperação de áreas degradadas, fator crucial para a sustentabilidade dos sistemas de produção agrícola.

O acordo foi assinado no seminário "Diálogo África-Brasil em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Agropecuária (P&D&I)", realizado na sede da Embrapa, em Brasília. O evento, que também foi transmitido online pelo canal do IICA Brasil, contou com a presença de representantes do governo brasileiro, embaixadores africanos, instituições de cooperação e do cientista indiano Rattan Lal, ganhador do Prêmio Mundial da Alimentação 2020 e do Prêmio Nobel da Paz 2007.

Este seminário também serviu como preparação para uma reunião que será realizada em Brasília em maio, onde ministros da Agricultura de países africanos discutirão estratégias para aumentar a produtividade agrícola no continente.

"Queremos mostrar o que o Brasil conquistou neste setor e compartilhar conhecimento com nossos companheiros africanos para combater efetivamente a fome", declarou o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva ao anunciar o evento.

Embora a África possua aproximadamente 65% das terras aráveis inexploradas do mundo e quase 10% dos seus recursos hídricos renováveis, o continente ainda depende fortemente das importações de alimentos. De acordo com o Banco Africano de Desenvolvimento, a agricultura emprega mais de 60% da força de trabalho da região e é responsável por quase um terço do PIB, mas a insegurança alimentar continua sendo um desafio crítico.

Luis Rua, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura do Brasil, destacou a importância do seminário como espaço de troca de conhecimento antes da reunião ministerial. "Depois de vários anos sem esse tipo de reunião, agora temos a oportunidade de fortalecer a cooperação", observou.

Por sua vez, o diplomata Laudemar Gonçalves de Aguiar Neto, secretário de Promoção Comercial, Ciência, Tecnologia e Inovação do Ministério das Relações Exteriores, enfatizou que o Brasil busca uma cooperação horizontal com a África, sem impor condições ou exigências. "São os países africanos que determinam suas prioridades, e o Brasil oferece sua expertise dentro de uma estrutura de respeito mútuo", afirmou.

A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, enfatizou que o modelo de agricultura tropical desenvolvido pelo Brasil desde a década de 1970 pode ser adaptado para outras regiões, incluindo a África. "Nosso progresso demonstra que o investimento em ciência e tecnologia é essencial para a segurança alimentar. Queremos compartilhar nossas conquistas e continuar desenvolvendo conhecimento junto com países do sul global", declarou.

O diretor-geral do IICA, Manuel Otero, enfatizou que a colaboração com a Embrapa e a ABC permitirá que os países africanos tragam tecnologias adaptadas às condições tropicais. "O Brasil conseguiu transformar o Cerrado em uma região altamente produtiva graças à pesquisa e à inovação. Essa experiência pode ser compartilhada com a África, sempre respeitando suas características locais", concluiu Otero.

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