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Macau pode consolidar-se como plataforma de cooperação entre a China e os países de língua portuguesa

Fonte: Diário do Povo Online    18.12.2024 17h00

Ye Guiping*

Desde o seu retorno à pátria em 1999, Macau sempre desempenhou um papel importante nos intercâmbios e na cooperação entre a China e os países de língua portuguesa, servindo como uma ponte e plataforma de ligação entre a China e os países lusófonos.

Devido às suas origens históricas, Macau tem um sistema administrativo e legal semelhante ao dos países de língua portuguesa. A implementação dos princípios "um país, dois sistemas", "povo de Macau governando Macau" e um elevado grau de autonomia, permite também que Macau preserve e promova melhor sua vantagem natural nos aspectos de história, cultura e idioma. Com o apoio do governo central, desde 2003, Macau vem aproveitando o mecanismo do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e Países de Língua Portuguesa (Fórum de Macau) para promover o intercâmbio e a cooperação entre a China e os países de língua portuguesa em todos os aspectos, tendo o seu papel de plataforma sido cada vez mais reforçado.

Até à data, a cooperação entre a China e os países de língua portuguesa tornou-se um modelo de cooperação amigável entre países com diferentes sistemas sociais, origens culturais, diferentes estágios de desenvolvimento e diferentes dimensões, sendo um exemplo vivo de promoção da construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade.

Em consonância com a construção da plataforma China e países de língua portuguesa, o Governo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) tem-se empenhado em promover o ensino bilingue chinês-português e em encorajar as universidades de Macau a trabalhar em conjunto para reforçar a cooperação com instituições de ensino superior no continente chinês e nos países de língua portuguesa, a fim de cultivar talentos bilingues. Esse enquadramento fornece condições favoráveis para a cooperação social e econômica e para trocas bidirecionais em cultura e educação entre a China e os países de língua portuguesa.

Graças ao fortalecimento contínuo das relações entre a China e os países de língua portuguesa, a procura por talentos que dominam o português também aumenta acentuadamente. No futuro, graças à vantagem de Macau no domínio do português, o governo da RAEM poderá aumentar o investimento de recursos para apoiar as universidades de Macau a: seguir o caminho da inovação colaborativa interdisciplinar e interdepartamental; promover a inovação do conhecimento interdisciplinar e a integração cruzada; cultivar estudantes com competências linguísticas de excelência e talentos inovadores com capacidade prática profissional. A RAEM deverá também concentrar-se nas necessidades das empresas da parte continental da China e de Macau em dados sociais e económicos dos países de língua portuguesa, e fornecer serviços de nível superior para o comércio e investimento, cooperação financeira e intercâmbios culturais entre a China e os países lusófonos.

Macau é um importante hub para a construção conjunta da iniciativa "Cinturão e Rota" e está participando ativamente na construção da Grande Área da Baía Guangdong-Hong Kong-Macau (GAB) e na Zona de Cooperação Profunda Guangdong-Macau em Hengqin(ZCP). Nesse sentido, Macau pode utilizar a GAB e ZCP como extensões da plataforma China-países lusófonos, visando a construção de um centro de comércio internacional China-países lusófonos e um centro internacional para o comércio digital. Esses empreendimentos objetivam promover a transformação do comércio tradicional e levar os países de língua portuguesa a construírem em conjunto o “Cinturão e Rota”.

Macau pode fazer uso das políticas preferenciais da ZCP, desempenhar ativamente o papel de financiamento de infraestruturas, cooperar com as necessidades de financiamento dos países de língua portuguesa e dos países que participam na construção do “Cinturão e Rota” para resolver problemas, como a falta do investimento e a promoção de benefícios mútuos com resultados partilhados. É também possível reforçar ainda mais a cooperação de ligação com os países de língua portuguesa no Sul da Europa, África, América Latina, etc., a fim de apoiar a adesão de mais países à construção conjunta da iniciativa "Cinturão e Rota".

Este ano é assinalado o 75º aniversário da fundação da República Popular da China e o 25º aniversário do retorno de Macau à pátria. Com um novo ponto de partida, Macau deverá continuar a reforçar a singularidade da plataforma China-países de língua portuguesa e acelerar a diversificação económica moderada, demonstrando ao mundo as práticas mais bem-sucedidas da política "um país, dois sistemas" na RAEM.

*O autor é vice -presidente da Universidade da Cidade de Macau

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