Turistas visitam as Ruínas de São Paulo em Macau, no sul da China, em 7 de dezembro de 2024.
Produtos como vinhos portugueses, café brasileiro e arroz de Moçambique podem ser adquiridos em Macau. A região administrativa especial, um vibrante caldeirão de influências chinesas e lusófonas, está se posicionando como um importante centro comercial entre a China e as nações de língua portuguesa.
Em um centro de exposições em Macau especializado em produtos de países de língua portuguesa, cerca de 3.000 itens, principalmente produtos alimentícios com embalagens vibrantes e exóticas de nove desses países, são elegantemente exibidos, aguardando compradores chineses.
Cada item exibido é acompanhado por um código QR, agilizando a comunicação com os fornecedores. Os códigos QR verdes denotam produtos prontamente disponíveis em Macau, enquanto os códigos azuis sinalizam oportunidades para fornecedores estrangeiros que buscam agentes e distribuidores na China. Serviços de tradução chinês-português são fornecidos para negociações.
Ao Ieong Ka-lok, do Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau, disse: "Os empresários não precisam viajar grandes distâncias para o Brasil, Angola ou Portugal. Ao visitar Macau, eles podem aprender sobre a diversidade de produtos originários de países de língua portuguesa".
Ele disse que, a Porthos, a marca mais antiga de sardinhas portuguesas, famosa pelas cores brilhantes e chamativas, pela arte icônica das latas, e pelo sabor das sardinhas, é a importação portuguesa mais popular e representativa. Hoje em dia, ela adorna as prateleiras de lojas especializadas que revestem as ruas de Macau.
"Este peixe enlatado distinto de Portugal tem sido parte integrante da vida dos moradores de Macau por gerações", disse o homem de 30 anos. "Durante minha infância, sempre que tufões atingiam Macau, estocar esses produtos enlatados era uma prática comum em nossas casas".
Macau, onde o chinês e o português são línguas oficiais, mantém laços estreitos com os países de língua portuguesa. Cerca de 68% dos jovens são fluentes em dois dos três idiomas — chinês, português e inglês — e 28% são proficientes em todos os três, de acordo com dados do governo da RAE.
Fu Tang-long, vice-presidente da Macau Live Streaming Association, disse que está explorando o uso de talentos de comércio eletrônico em Macau para ajudar marcas chinesas a se expandirem para países de língua portuguesa e facilitar a introdução de marcas estrangeiras na China.
Jose Chan Rodrigues, um apresentador e streamer de Macau, cujo avô é de Portugal, disse que os descendentes de portugueses de Macau podem desempenhar um papel significativo nas interações entre a China e os países de língua portuguesa.
"Eles têm um profundo entendimento da cultura portuguesa e conexões no exterior com outros parentes, e são proficientes em português, mandarim, cantonês e inglês", disse.
No ano passado, o volume de comércio entre a China e os países de língua portuguesa atingiu US$ 220,9 bilhões. Nos três primeiros trimestres deste ano, o valor dos bens comercializados entre a China e esses países atingiu US$ 174,18 bilhões - um aumento de 7,84% em relação ao ano anterior, segundo dados.
"O comércio atende às necessidades de desenvolvimento de ambos os lados e demonstra notável resiliência", disse Ji Xianzheng, secretário-geral do Secretariado Permanente do Fórum para Cooperação Econômica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Estabelecidos em 2003, os fóruns realizados em Macau têm sido fundamentais para facilitar trocas econômicas, comerciais e culturais.
Os países de língua portuguesa têm necessidades urgentes de desenvolvimento em áreas como automóveis, alta tecnologia e máquinas agrícolas, e têm uma forte demanda por desenvolvimento de infraestrutura, disse Ji, acrescentando que Macau deverá continuar a servir como uma ponte conectando a China e esses países.
A presença do presidente Xi Jinping na 19ª Cúpula do G20 e sua visita de estado ao Brasil no mês passado injetaram mais confiança na cooperação futura entre os dois países.
Ma Chi Ngai Frederico, presidente da Câmara de Comércio de Macau, disse que o Brasil é um importante parceiro comercial para a China, com produtos comercializados consistindo principalmente de itens alimentícios como carne, pimenta e soja.
A contribuição de Macau no comércio entre eles está no fornecimento de serviços como fóruns para ajudar a apoiar a abertura de alto nível do país e manter amizades internacionais, disse ele.
Gabriela Rorato, uma estudante brasileira na Universidade de Macau, disse que é conveniente viver e estudar em Macau, pois a cidade tem placas de trânsito em português, e ela também gosta de comprar itens de boa qualidade e preços razoáveis em plataformas de comércio eletrônico chinesas.
A China e o Brasil são muito abertos um ao outro, o que permitiu que Rorato desfrutasse de políticas de visto preferenciais e trabalhasse em empresas que fundem a cultura chinesa e brasileira, disse ela.