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Poetisa chinesa Florence Chia-ying Yeh morre aos 100 anos

Fonte: Diário do Povo Online    25.11.2024 14h37
Poetisa chinesa Florence Chia-ying Yeh morre aos 100 anos
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A respeitada estudiosa da literatura clássica chinesa Florence Chia-ying Yeh, também conhecida como Ye Jiaying, faleceu no domingo, em Tianjin, aos 100 anos, de acordo com a Universidade Nankai, onde trabalhou por grande parte de sua vida.

Yeh esteve envolvida na criação, pesquisa e ensino de poesia chinesa na China e no exterior, o que ela chamava de sua única missão de vida. Ela insistiu em continuar ensinando, mesmo na casa dos 90 anos, e vídeos de suas palestras se tornaram virais nas plataformas de mídia social chinesas.

A decana da poesia deu palestras em instituições no exterior, incluindo a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e na Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá. Os escritores renomados Chen Yingzhen, Kenneth Hsien-yung Pai e Hsi Mu-jung constaram entre seus alunos. Em 1991, Yeh foi eleita membro da Royal Society of Canada.

"Na minha opinião, o valor de estudar poesia clássica chinesa está na capacidade de despertar nas pessoas um espírito imortal adepto do sentimento, rico em imaginação e ainda mais rico em previsão", ela disse uma vez.

Em 2018 e 2019, Yeh doou todas as suas poupanças e lucros com as vendas de suas propriedades, que totalizaram 35,68 milhões de yuans (US$ 4,92 milhões), para a Universidade Nankai. Ela recebeu o prêmio "Touching China" em 2020.

Kang Zhen, vice-presidente da Universidade Normal de Beijing e especialista em literatura clássica chinesa, disse que Yeh possuía uma base profunda na literatura clássica chinesa e nas teorias poéticas ocidentais.

"Ela integrou perfeitamente suas ricas e profundas experiências de vida com a apreciação e interpretação da poesia clássica chinesa, formando um sistema poético distinto caracterizado por sua própria personalidade", afirmou.

Kang acrescentou que, ao longo de sua vida, Yeh se dedicou à herança e promoção da poesia clássica e da cultura tradicional chinesa, fazendo uma enorme contribuição para levá-las a um público mais amplo e ao mundo.

Yeh nasceu em uma família de intelectuais em Beijing, em 1924, e foi exposta à poesia clássica e à língua inglesa desde jovem.

Na faculdade, ela estudou poesia das dinastias Tang (618-907) e Song (960-1279) com o renomado mestre da literatura chinesa Gu Sui, que influenciou muito sua compreensão da poesia e da vida, bem como seu estilo de ensino.

Nas décadas de 1950 e 1960, Yeh lecionou em várias universidades na região de Taiwan, e depois se mudou para Vancouver, Canadá, em 1969. Em 1979, começou a dar palestras gratuitas no continente chinês durante as férias, viajando às suas próprias custas. Ela viveu e trabalhou na Universidade de Nankai durante suas últimas décadas de vida.

A vida de Yeh foi repleta de tragédias pessoais. Ela perdeu a mãe quando tinha apenas 17 anos, e sua filha mais velha morreu quando Yeh atingiu a meia-idade. "O estudo da poesia não é um objetivo que eu busco, mas uma força que me apoia nas dificuldades", escreveu aos 87 anos.

Aos 92, ela fez a curadoria de 218 poemas antigos para crianças e gravou vídeos de interpretação e recitação no ano seguinte.

Em 2020, Yeh, então com 96 anos, deu uma palestra de uma cadeira de rodas para calouros na Universidade de Nankai. Sua voz confiante e seu sentido de humor estavam intactos, enquanto brincava sobre como seu cabelo estava ficando mais escuro com a idade, relatou o China Youth Daily.

Dai Jinhua, professora de literatura chinesa na Universidade de Pequim, lembrou que em seus anos de faculdade, foi Yeh quem a fez ver a sabedoria de uma professora e a inspirou a se tornar uma.

Yeh interpretou poesia com suas próprias experiências de vida, como testemunhar a Guerra de Resistência Contra a Agressão Japonesa (1931-45). Certa vez, ela expressou sua apreciação pelo poeta e oficial militar da Dinastia Song do Sul (1127-1279) Xin Qiji (1140-1207), porque ele nunca perdeu sua ambição de recuperar sua terra natal, apesar dos tempos turbulentos.

Expressando sua preocupação com a sociedade, ela disse uma vez: "Quero me envolver com o mundo. Quero fazer algo pela humanidade. ... Posso fazer isso sem buscar fama, mas minha clareza interior não será perturbada."


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