Pedro Loeher considera Chongqing sua segunda cidade natal e o ponto de partida para seu sonho chinês. (Foto fornecida pelo entrevistado)
Apesar de estarem separados por 16.908 km, o Rio de Janeiro e Chongqing têm muito em comum. Ambas cidades têm culturas vibrantes, residentes amigáveis e um clima ameno, embora Chongqing esteja agora atravessando o inverno, enquanto é primavera no Rio.
Chongqing se tornou como um segundo lar para o jovem Pedro Loeher, um estudante de mestrado do Brasil, que viajou até à China para cumprir um objetivo de vida e fazer mais amigos chineses.
"Há muitas semelhanças entre nossas duas nações. Estou interessado em aprender como uma grande nação como a China pode perseverar em dificuldades e unir seu povo. Posso levar essa experiência de volta para o meu país", acrescentou Loeher.
Para o entrevistado, o próximo G20, que será realizado no Rio de Janeiro, deu ao Brasil e à China uma nova oportunidade de destacar seus valores compartilhados e fortalecer suas relações amigáveis.
"O presidente chinês Xi Jinping afirmou uma vez: 'A China e o Brasil construíram uma amizade que atravessa montanhas e oceanos', enquanto nosso presidente Lula da Silva disse: 'A amizade é como uma garrafa de vinho, quanto mais velha, melhor'. Acho que as palavras de nossos presidentes resumiram perfeitamente a amizade de nossos dois países", disse Loeher.
"Estou emocionado que o G20 deste ano sirva como fórum para aprofundar nossos laços e inaugurar uma maior colaboração e possibilidades para a América Latina e a China. Os veículos elétricos chineses são comuns nas estradas brasileiras; espero que meu país siga a liderança chinesa em adotar os transportes verdes e as energias renováveis", acrescentou.
A relação de Loeher com a China começou desde criança, quando em uma visita à biblioteca de seu tio para examinar as estantes de livros infantis, encontrou um volume sobre a história e a herança da China.
"O livro tinha muitas ilustrações fantásticas, apresentando contos sobre as dinastias Tang e Han. Foi meu primeiro mergulho no vasto oceano da cultura chinesa, e fui imediatamente atraído", afirma.
Loeher aprendeu mais sobre a China com o passar dos anos e ansiava por visitar a nação. À medida que mergulhava mais no passado e no presente da China, ficou encantado com o notável desenvolvimento do país.
"A resiliência do povo chinês me comoveu, e acredito que vir até aqui para descobrir os mistérios do desenvolvimento da China é a única forma de encontrar as respostas", refere.
Uma das principais motivações de Loeher para querer estudar na China era obter insights sobre os esforços do país para reduzir a pobreza. Ele estava curioso sobre o rápido progresso do país em melhorar a vida das pessoas e como os dois países poderiam trabalhar juntos para alcançar melhorias ainda mais significativas para os povos do Brasil e da China.
"Eu beneficiei das iniciativas recentes do Brasil para aliviar a pobreza. Portanto, sei em primeira mão o quão importante é fazer isso. Como alguém de uma família humilde, me sinto especialmente sensibilizado por esse assunto. Espero poder trazer essa experiência de volta ao meu país", acrescentou, referindo-se à implementação bem-sucedida da China do maior programa de alívio da pobreza da história.
Com tais ambições, Loeher se candidatou a uma bolsa de estudos e foi aprovado pela Universidade do Sudoeste, em Chongqing, para continuar seus estudos na China. Ele, que nunca havia saído de seu país antes, desde que chegou, em setembro, viu seus sentimentos pela China se intensificaram.
"O clima em Chongqing é escaldante, mesmo para os padrões brasileiros! E a comida é ainda mais picante, com bastante pimenta e temperos. Eu me acostumei com o clima e estou muito mais habituado à comida apimentada depois de apenas dois meses morando aqui", disse Loeher.
"Minha visão da China está evoluindo, e para melhor, diariamente. A comunicação pode ser ainda mais desafiadora do que obstáculos linguísticos, devido às vastas diferenças culturais entre a China e o Brasil. Não importa o quão estranha seja minha pronúncia de mandarim, os chineses que encontrei até agora ficaram mais do que felizes em me ajudar e encorajar", disse Loeher.
"Pretendo aproveitar ao máximo meu tempo na China, continuando minha educação na disciplina acadêmica de história. Meu objetivo final é ajudar o Brasil e a China a expandir ainda mais seu relacionamento", acrescentou.
Em seu tempo livre, Loeher e seus amigos brasileiros começaram o "Espetinho", uma conta de mídia social em português onde compartilham histórias sobre relações internacionais com seus seguidores.
O "Espetinho" permite que Loeher compartilhe suas histórias sobre a China com o resto do mundo, ao mesmo tempo em que refuta a desinformação e o preconceito contra a China nas mídias sociais ocidentais.
"Hoje em dia, é difícil entrar em qualquer plataforma de mídia social ocidental sem encontrar desinformação e mentiras descaradas contra a China. Como agora estou morando na China e aproveitando cada segundo, acredito que contar minha história é o mínimo que posso fazer para retribuir a boa vontade do povo chinês para comigo até agora", disse Loeher.
"Já ouvi um ditado: se você cavar um buraco na China, você vai acabar no Brasil. Estamos no lado oposto do globo, mas espero que, ao comunicarmos, possamos construir uma amizade melhor", acrescentou.
De acordo com Loeher, ele e seus amigos querem fazer um esforço maior para compartilhar histórias da China não apenas com os brasileiros, mas também com pessoas ao redor do mundo, para que possam ver a China por uma perspetiva imparcial.
Loeher expressou seu desejo de aprender mais sobre a China e retornar ao Brasil como professor de relações internacionais. Ele espera demonstrar aos colegas o impacto positivo da cooperação da China com o Brasil e outros países latino-americanos.
"Ser capaz de servir como uma ponte entre nossas nações e culturas é um dos meus objetivos de longo prazo. O povo chinês me inspira com sua determinação e otimismo, e espero fazer o que puder para ajudar a fortalecer os laços com eles", disse Loeher.