A China atingiu um novo marco em energia renovável ao conectar sua maior estação de energia solar autônoma construída numa zona de subsidência de mineração de carvão à rede. Ela começou a gerar eletricidade na terça-feira (5).
Esta estação de energia fotovoltaica, aninhada na cidade de Ordos, no norte da China, tem uma capacidade instalada de 3 milhões de quilowatts e abrange uma área equivalente a 10.000 campos de futebol padrão, compreendendo mais de 5,9 milhões de painéis solares, de acordo com a estatal CHN Energy, a construtora do projeto.
Com sua geração anual de eletricidade projetada para atingir 5,7 bilhões de quilowatts-hora, a usina de energia solar está pronta para atender às demandas residenciais anuais de 2 milhões de domicílios.
A eletricidade verde gerada será transmitida para Shandong, uma província economicamente vibrante no leste da China, que fica a mais de 1.200 quilômetros de distância da estação, de acordo com a CHN Energy.
O projeto é o exemplo mais recente da transição do país da eletricidade tradicional baseada em carvão para fontes de energia mais limpas. A capacidade instalada de energia renovável da China excedeu a capacidade de geração de energia a carvão em junho do ano passado.
Ordos, localizada na Mongólia Interior do norte da China, detém cerca de um sexto das reservas comprovadas de carvão da China. A cidade também está mudando para energia limpa. De acordo com o governo da cidade, o valor agregado nos setores de fabricação de equipamentos eólicos e fotovoltaicos da cidade teve um aumento anual de 5,6 vezes no primeiro semestre deste ano.
A capacidade total de geração de energia instalada do país atingiu 3,16 bilhões de quilowatts no final de setembro, marcando um aumento de 14,1% em relação ao ano anterior. A capacidade instalada de geração de energia solar atingiu 770 milhões de quilowatts, crescendo anualmente 48,4%.
PROJETOS INOVADORES
A nova estação solar, construída numa mina de carvão abandonada, adotou uma nova abordagem de cultivo de plantas abaixo dos painéis para facilitar a agricultura e a pecuária.
Em áreas com vegetação nativa abundante, plantas comestíveis como alfafa são cultivadas, enquanto em áreas com menos vegetação nativa, espécies mais resistentes à seca são cultivadas para fornecer forragem de alta qualidade para o gado.
Além disso, uma planta resistente à areia chamada espinheiro-marinho chinês foi cultivada na estação para ser utilizada para co-combustão em usinas termelétricas, reduzindo assim o uso de combustíveis fósseis e atingindo as metas de redução de carbono e controle da poluição.
Para acomodar os desafios da área de subsidência, a estação de energia apresenta um inovador sistema de suporte de "mola" com dois componentes distintos: uma pilha de tubo oco subterrânea e uma coluna de suporte acima do solo que se encaixa perfeitamente na pilha.
Este projeto incorpora uma faixa de ajuste vertical de aproximadamente um metro, permitindo que a estação acomode a subsidência do solo enquanto mantém seus painéis em seus ângulos ideais para exposição à luz solar, de acordo com a emissora estatal Televisão Central da China (CCTV, na sigla em inglês).
Os painéis solares capazes de ajustar ângulos em tempo real podem aumentar a eficiência da geração de energia em mais de 7% em comparação aos tipos convencionais.
Além disso, esta estação de energia tem um sistema de manutenção inteligente com 10 galpões de drones. Essas instalações permitem que os drones decolem e pousem de forma autônoma, bem como recarreguem, reduzindo assim o tempo necessário para inspeções para cerca de 30 minutos — uma tarefa que, de outra forma, exigiria o trabalho de 12 pessoas ao longo de dois dias usando seis veículos.
Robôs de limpeza inteligentes também são empregados na estação solar para remover a poeira dos painéis.