A China lançou a nave espacial tripulada Shenzhou-19 nesta quarta-feira, enviando três astronautas - incluindo a primeira engenheira espacial do país - para a sua estação espacial em órbita para uma missão de seis meses.
A nave espacial, no topo de um foguete transportador Longa Marcha-2F, decolou às 4h27 (horário de Beijing) do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, no noroeste da China, informou a Agência Espacial Tripulada da China (CMSA, sigla em inglês).
Cerca de 10 minutos após o lançamento, a nave espacial Shenzhou-19 se separou do foguete e entrou em sua órbita designada. Os membros da tripulação estão em boa condição e o lançamento foi um sucesso total, anunciou a CMSA.
Em seguida, a espaçonave realizará um encontro e acoplamento rápido e automatizado com a porta frontal do módulo central Tianhe da estação espacial em cerca de 6,5 horas, formando uma combinação de três módulos e três espaçonaves.
A tripulação da Shenzhou-19 é composta pelo comandante da missão, Cai Xuzhe, e pelos astronautas Song Lingdong e Wang Haoze.
Cai é um astronauta experiente que já entrou em órbita na missão Shenzhou-14 em 2022. Com essa missão em andamento, ele estabeleceu um novo recorde para o menor intervalo entre dois voos espaciais para astronautas chineses.
Song e Wang, que fazem parte do terceiro grupo de astronautas chineses, são recém-chegados ao espaço, ambos nascidos na década de 1990.
Wang é atualmente a única engenheira espacial da China e a terceira mulher chinesa a participar de uma missão de voo espacial tripulado, observou a agência.
DIVERSAS TAREFAS CIENTÍFICAS E TECNOLÓGICAS
A nova tripulação tem inúmeras tarefas pela frente, incluindo a realização de testes de ciência e aplicação espaciais, execução de atividades extraveiculares, instalação de dispositivos de proteção contra detritos espaciais, instalação e reciclagem de cargas úteis e equipamentos extraveiculares. Eles também se envolverão em educação científica, atividades de interesse público e outros testes de carga útil, disse Lin Xiqiang, porta-voz da CMSA, em uma coletiva de imprensa na terça-feira.
Eles realizarão 86 experimentos de pesquisa e tecnologia sobre ciência espacial, abrangendo vários campos, incluindo ciência da vida espacial, física fundamental da microgravidade, ciência de materiais espaciais, medicina espacial e novas tecnologias espaciais, acrescentou Lin.
A CMSA revelou em abril que a China havia realizado mais de 130 projetos de pesquisa e aplicação científicas em sua estação espacial, enquanto 300 amostras de experimentos científicos haviam sido trazidas do espaço por missões tripuladas em cinco lotes.
Além disso, mais de 500 institutos de pesquisa científica em todo o mundo participaram desses projetos, obtendo resultados significativos em ciência da vida espacial, medicina espacial, ciência de materiais espaciais e física de fluidos em microgravidade, com mais de 280 artigos publicados nas principais revistas internacionais, informou a CMSA.
Os astronautas da Shenzhou-19 completarão a rotação em órbita com o trio da Shenzhou-18 e permanecerão na estação espacial por aproximadamente seis meses.
Cai Xuzhe disse à imprensa que ele e os outros dois membros da tripulação têm treinado como uma equipe por mais de um ano.
Várias atividades extraveiculares estão programadas durante a missão da Shenzhou-19. "Realizamos um treinamento abrangente em terra, considerando todos os cenários possíveis, aprendendo com as atividades extraveiculares anteriores e fazendo preparações plenas para cada plano e contingência em potencial", disse Cai.
Wang Haoze explicou que ela será responsável principalmente por projetos experimentais espaciais, gerenciamento de carga e da operação da estação espacial.
CAPACIDADE DE TRANSPORTE APRIMORADA
Pesquisadores da China Aerospace Science and Technology Corporation (CASC) otimizaram o equipamento e ajustaram o layout dentro do módulo orbital da espaçonave para aumentar sua capacidade de carga para a missão espacial da Shenzhou-19.
"Em comparação com a Shenzhou-18, o espaço para carga útil da Shenzhou-19 foi aumentado em 20%, possibilitando o transporte de mais suprimentos essenciais e urgentes para os astronautas e sistemas relacionados", revelou Chen Tongxiang, especialista da CASC.
Isso não só permite o transporte de mais equipamentos e suprimentos de pesquisa científica para o espaço, mas também garante um suporte em órbita mais eficiente e estável para a operação de longo prazo da estação espacial da China, indicou ela.
A China também está explorando maneiras de reduzir os custos de transporte de carga para sua estação espacial.
Em 2023, foi emitido um aviso para solicitar esquemas gerais para o sistema de transporte de carga de baixo custo. Após duas rodadas de seleção, os esquemas propostos pela Academia de Inovação para Microssatélites da Academia Chinesa de Ciências e pelo Instituto de Design e Pesquisa de Aeronaves de Chengdu da Aviation Industry Corporation of China finalmente ganharam os contratos para a fase de verificação de voo, indicou Lin.
O processo de seleção envolveu institutos de pesquisa científica e empresas espaciais comerciais no desenvolvimento de naves espaciais, foguetes e outros produtos de voo para o programa espacial tripulado da China, o que ajudará a reduzir os custos operacionais da estação espacial e promoverá o desenvolvimento rápido, ordenado e saudável do setor espacial comercial, acrescentou.
EXCELENTE PLATAFORMA DE COOPERAÇÃO
A estação espacial da China possui uma grande quantidade de recursos de aplicação científica e recursos de suporte abrangentes, e o sistema tripulado Shenzhou e o sistema de carga Tianzhou podem garantir o transporte confiável e estável de ida e volta de pessoal e suprimentos entre a Terra e o espaço.
"A estação espacial da China é uma excelente plataforma para a colaboração internacional", manifestou Lin, observando que ela serve não apenas como um ativo nacional, mas também como uma plataforma para avançar a tecnologia espacial e trazer benefícios para toda a humanidade.
A China realizou colaborações internacionais com as principais nações exploradoras do espaço e com países em desenvolvimento em várias áreas, incluindo seleção e treinamento de astronautas, aplicações de ciências espaciais, instalações em órbita, proteção contra detritos espaciais e apoio terrestre, com resultados abundantes, observou Lin.
Atualmente, o primeiro lote de cargas úteis selecionadas por meio da cooperação entre a China e o Escritório das Nações Unidas para Assuntos do Espaço Exterior está passando por experimentos em órbita, informou Lin, acrescentando que mais iniciativas de pesquisa colaborativa internacional estão em andamento.
A China também está participando de discussões para selecionar e treinar astronautas de nações parceiras, e convidando colegas internacionais para participar de suas missões de voo na estação espacial, observou Lin.
"Não importa qual país participe, essa é a busca coletiva da humanidade para desvendar os mistérios do cosmos", disse Lin.