Kremlin de Kazan, Rússia, em 20 de outubro de 2024. (Ding Haitao/Xinhua)
Os laços econômicos e comerciais entre os países do BRICS estão se tornando cada vez mais próximos, e a China está desempenhando um papel importante na condução da cooperação mutuamente benéfica do bloco.
O termo BRIC foi inicialmente cunhado em 2001, como conceito que se referia às economias de mercado emergentes do Brasil, Rússia, Índia e China. Com a inclusão da África do Sul em 2010, o BRICS ganhou oficialmente forma.
Após a expansão do ano passado, o grupo BRICS representa agora aproximadamente 30% do PIB global, quase metade da população mundial e um quinto do comércio global. Tornou-se a plataforma mais importante do mundo para solidariedade e cooperação entre mercados emergentes e países em desenvolvimento.
A 16ª Cúpula do BRICS, realizada de terça a quinta-feira em Kazan, Rússia, atraiu a atenção global e acredita-se que proporcionará novas oportunidades de cooperação econômica e comercial entre a China e as outras nações do BRICS.
O comércio externo da China com outros países membros do BRICS atingiu 4,62 trilhões de yuans (648 bilhões de dólares americanos) nos primeiros nove meses de 2024 - um aumento anual de 5,1%, segundo dados alfandegários.
O crescimento do comércio pode ser atribuído a um alto grau de complementaridade econômica, bem como ao compromisso da China com a abertura de alto nível e aos acordos de livre comércio entre a China e outros países do BRICS, disse Hong Yong, pesquisador da Academia Chinesa de Comércio Internacional e Cooperação Econômica do Ministério do Comércio.
No setor industrial, as exportações de aço e matérias-primas têxteis da China para outras nações do BRICS cresceram 8,6% e 13,4% ano a ano, respetivamente, nos três primeiros trimestres.
Durante o mesmo período, as exportações da China de bens intermediários, como circuitos integrados, módulos de exibição de tablets e peças de aeronaves para outros países do BRICS atingiram um crescimento de dois dígitos, ajudando outros membros do BRICS a impulsionar suas indústrias emergentes.
O comércio de produtos agrícolas também tem assistido a um crescimento robusto. Nos primeiros três trimestres, mais de 80% das aves e peixe congelado e mais de 50% dos caranguejos importados pela China vieram de membros do BRICS.
"Para os países do BRICS, a cooperação comercial não é apenas propícia para a promoção de trocas tecnológicas e inovação, mas também para trazer mais oportunidades de desenvolvimento para os países membros e até mesmo para o mundo", acrescentou Hong.
Em relação ao setor financeiro, o Novo Banco de Desenvolvimento é um projeto emblemático da cooperação do BRICS. Enquanto primeiro banco multilateral de desenvolvimento estabelecido por economias emergentes, a instituição sediada em Shanghai fornece apoio financeiro para o desenvolvimento de infraestruturas, energia limpa, proteção ambiental e construção de infraestruturas cibernéticas em todos os países do BRICS.
Financiando vários projetos que vão desde ferrovias urbanas da Índia até aos complexos de energia eólica do Brasil, o banco aprovou cumulativamente empréstimos de 35 bilhões de dólares americanos para mais de 100 projetos até o momento.
Com base em seu compromisso com o multilateralismo, o BRICS tomou medidas práticas para desbloquear o potencial da cooperação econômica e comercial e criar novas áreas de crescimento. Isso inclui coordenação de políticas e iniciativas conjuntas para aumentar as oportunidades de comércio e investimento entre os estados-membros.
Na 14ª Reunião de Ministros da Economia e Comércio Exterior do BRICS, realizada em Moscou, em julho, os participantes concordaram em intensificar as trocas e a cooperação em áreas emergentes, como cadeias de valor globais, tecnologias digitais e zonas econômicas especiais, conduzir a cooperação prática em padrões de produtos verdes, documentação eletrônica e comércio eletrônico, e fortalecer as trocas de políticas, capacitação e compartilhamento de melhores práticas.
Ao melhorarem as trocas econômicas e comerciais, os países do BRICS capitalizaram suas vantagens complementares, servindo como uma força importante para se oporem ao protecionismo comercial e promoverem o crescimento econômico global, observou Liu Ying, pesquisador do Instituto Chongyang de Estudos Financeiros da Universidade Renmin da China.