Kazan, cidade anfitriã da 16ª Cúpula do BRICS
A 16ª Cúpula do BRICS em Kazan, Rússia, deverá testemunhar uma unidade reforçada entre mercados emergentes e países do Sul Global, bem como um maior apoio ao multilateralismo e à estabilidade global, segundo os analistas.
A observação surge no contexto da participação do presidente Xi Jinping no evento que decorre entre terça e quinta-feira.
O que torna a cúpula deste ano especial é que é a primeira do tipo após a mais recente expansão do BRICS.
As autoridades chinesas enfatizaram que Beijing atribui grande importância à cúpula de Kazan e apoia totalmente o papel da Rússia como anfitriã.
Zhang Hanhui, embaixador chinês na Rússia, disse à Agência de Notícias Xinhua em uma entrevista recente que a cooperação expandida do BRICS dará mais contributos para melhorar o sistema de governança global.
"A China continuará a trabalhar em estreita colaboração com outros membros do BRICS para forjar uma parceria de alta qualidade mais abrangente, mais próxima, prática e inclusiva. Juntos embarcaremos em uma nova jornada", disse.
Com a mais recente expansão, o BRICS responde por aproximadamente 30% da área terrestre do mundo, 45% da população mundial e 20% do comércio global. O grupo entrou em uma nova era de maior cooperação, segundo os observadores.
Por detrás disso está a ascensão dos mercados emergentes e países em desenvolvimento como um todo, e o fato de que o Sul Global responde por mais de 40% da economia global, acrescentaram.
"Poderíamos nos esforçar para novos resultados marcantes em áreas como finanças, IA, energia e minerais, de modo a dar um bom começo à maior cooperação do BRICS", disse o Ministro das Relações Exteriores Wang Yi em uma reunião de ministros das Relações Exteriores do BRICS em 26 de setembro, em Nova York.
Nos três primeiros trimestres deste ano, as importações e exportações da China de e para os outros países do BRICS totalizaram 4,62 trilhões de yuans (US$ 649,66 bilhões), um aumento de 5,1% em relação ao ano anterior, de acordo com a Administração Geral das Alfândegas.
"O mecanismo de cooperação do BRICS é uma das principais plataformas para o engajamento da China na governança global", disse Ren Lin, chefe do Departamento de Governança Global do Instituto de Economia e Política Mundial da Academia Chinesa de Ciências Sociais.
Nos últimos anos, a China apresentou a Iniciativa de Desenvolvimento Global, a Iniciativa de Segurança Global e a Iniciativa de Civilização Global, que são compatíveis com o conteúdo da cooperação do BRICS e elevarão a cooperação pragmática do BRICS a um novo nível, disse ela.
Referindo-se ao alargamento da cooperação do BRICS, ela disse que "aumentou a capacidade dos mercados emergentes e países em desenvolvimento de lidar com riscos externos e promoveu a cooperação pragmática entre os países do Sul Global".
Nos últimos meses, um número crescente de países, como a Tailândia e a Malásia, expressaram sua intenção de se juntar ao bloco.
Jiang Tianjiao, vice-diretor do Centro de Estudos do BRICS no Instituto de Desenvolvimento Fudan em Shanghai, disse que isso reflete também que ideias como "desacoplamento" e guerras de protecionismo são impopulares em todo o mundo.
"Com seu espírito de abertura, inclusão, cooperação e situações mutuamente vantajosas, o BRICS poderá obter um reconhecimento mais amplo em todo o mundo", disse ele à Xinhua.
Magdy Amer, vice-presidente da Associação de Amizade Egito-China e ex-embaixador egípcio na China, disse que os mercados emergentes estão agora desempenhando um papel mais importante na ordem mundial, e que a cooperação "BRICS Plus" — colaboração do BRICS com países fora do grupo, principalmente países em desenvolvimento — desfruta de um grande potencial.
A cooperação "BRICS Plus" proporciona uma oportunidade para os mercados emergentes chegarem a um consenso sobre questões globais e impulsionarem o desenvolvimento e o crescimento comuns de suas economias, disse ele em um fórum sobre a cooperação do BRICS em governança e cultura no mês passado em Moscou.